O Partido Liberal Democrata (PLD), à frente do governo no Japão por décadas, sofreu um forte revés eleitoral nas eleições parlamentares deste domingo (20), perdendo a maioria na Câmara Alta do Parlamento.
“Ainda somos o partido com a maior representação. Apesar do duro golpe e das muitas dificuldades, muitas pessoas nos apoiaram fortemente”, disse o primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, em entrevista coletiva após a divulgação dos resultados.
Ele declarou na ocasião que pretende continuar no cargo devido à situação política geral e às “condições difíceis” pelas quais o país está passando, apesar de já sofrer pressão de alguns membros da aliança política com pedidos de renúncia.
A coalizão governista, composta pelo PLD e o budista Komeito, garantiu 47 assentos, menos do que os 50 necessários para manter a maioria simples na Câmara Alta, após uma eleição apertada no final de semana.
Os principais desafios enfrentados pelo país asiático, que pressionam o governo, são a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos, a inflação e o temor de que um forte terremoto ou desastre natural possa atingir o território em algum momento.
Ishiba afirmou que sua prioridade no momento é manter negociações comerciais com o governo de Donald Trump antes que as tarifas entrem em vigor, em 1º de agosto, bem como criar escritórios regionais para ajudar as pequenas e médias empresas a lidar com as tarifas.
Questionado sobre a possibilidade de ampliar a coalizão para incluir outros partidos de oposição, o premiê declarou que não tem essa intenção nesta fase, destacando que seu partido “deve ser responsável e desenvolver políticas”. Ele também descartou a possibilidade de uma reformulação do gabinete.
“Consultaremos seriamente os outros partidos, falaremos sobre responsabilidade e continuaremos com as políticas sobre tarifas e desastres”, acrescentou.
Partidos de direita crescem nas eleições parlamentares
A surpresa do final de semana veio com o partido nacionalista japonês de direita Sanseito, cujo slogan é “Japão em primeiro lugar”. Ele emergiu como um dos grandes vencedores das eleições de domingo, conquistando 14 cadeiras e tornando-se a terceira maior força de oposição.
Outro de destaque foi o Partido Democrático para o Povo, que conquistou 13 cadeiras, ampliando sua presença total na Câmara Alta para 22.
Com o novo revés, a coalizão governista do Japão ficará privada de uma maioria em ambas as casas do Parlamento, após seu fraco desempenho na Câmara Baixa nas eleições gerais de outubro do ano passado, colocando em risco a viabilidade do governo.
Fonte: Gazeta