Na sexta-feira passada (18), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, ganhou proeminência no noticiário brasileiro ao anunciar que revogou os vistos do ministro Alexandre de Moraes, de “aliados dele” no Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares, que ficam assim impedidos de entrar nos Estados Unidos.
Em publicação no X, Rubio citou que a medida foi motivada pelo que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no STF num processo por suposta tentativa de golpe de Estado e alvo na sexta-feira de uma operação da Polícia Federal (PF), autorizada por Moraes.
Membro do Partido Republicano, Marco Antonio Rubio tem 54 anos, nasceu em Miami e é filho de cubanos que emigraram para os Estados Unidos em 1956, três anos antes da tomada do poder por Fidel Castro na ilha caribenha.
Rubio foi deputado na Câmara da Flórida e em 2010 foi eleito pela primeira vez para o Senado americano. No Legislativo, se notabilizou pela postura combativa contra governos e ditaduras de esquerda na América Latina.
Ele se opôs às tentativas de normalização das relações com Cuba durante a era Obama, é um grande crítico do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e pediu sanções contra a ex-presidente argentina Cristina Kirchner por corrupção.
Sobre o Brasil, condenou Moraes pelo bloqueio do X no país em 2024 e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um “líder de extrema esquerda que encobre a natureza criminosa do narcorregime de Maduro”.
Rubio também é crítico das ditaduras do Irã e da China: em 2020, foi alvo de sanções de Pequim devido às suas declarações sobre a repressão aos protestos pró-democracia em Hong Kong.
Ele teve uma relação conflituosa no passado com seu agora chefe. Em 2016, quando Donald Trump o venceu nas primárias do Partido Republicano para a eleição presidencial, as discussões entre os dois nos debates fizeram a festa dos usuários de redes sociais.
Num desses debates, Trump ridicularizou Rubio por suar demais. “É nojento. Precisamos [na Casa Branca] de alguém que não tenha o que quer que seja que ele tenha”, afirmou.
O então senador da Flórida também ridicularizou o futuro presidente americano, ao destacar, por exemplo, os erros de ortografia de Trump nas suas postagens no então Twitter (hoje X).
“Deve ser assim que se escreve na Wharton School of Business”, disse Rubio, citando a universidade onde Trump estudou. Também afirmou que Trump “deve ter contratado um trabalhador estrangeiro para fazer seus tuítes”.
Por fim, Rubio desistiu da pré-campanha de 2016 após ter sido derrotado nas primárias no seu próprio estado.
Depois, durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), Rubio foi coautor de uma lei para tornar mais difícil a retirada dos Estados Unidos da Otan (uma ameaça de Trump), ao exigir que dois terços do Senado ratificassem a medida.
Apesar dessas divergências, Trump o indicou para o Departamento de Estado em novembro, poucos dias após a eleição presidencial vencida pelo empresário nova-iorquino, e em janeiro, todos os 99 senadores presentes votaram para confirmar a indicação de Rubio para a pasta.
Desde que chegou ao Departamento de Estado, o ex-senador se notabilizou por comprar as grandes brigas de Trump na política externa. Em março, antes que Kirchner tivesse sua condenação confirmada pela Suprema Corte argentina e começasse a cumprir prisão domiciliar, Rubio impediu sua entrada nos Estados Unidos.
Ele também coordenou ações contra a África do Sul, pelo que Trump chamou de “genocídio branco” no país africano; a revogação de vistos de ativistas anti-Israel, que o secretário chamou de “apoiadores do Hamas”; e o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
Quanto a negociações de paz, Rubio organizou conversas com Rússia e Ucrânia sobre o fim da guerra entre os dois países (ainda que tenha irritado Kiev ao dizer que a Ucrânia terá que aceitar que não recuperará todos os territórios do país que a Rússia ocupou), ainda sem sucesso, e a trégua entre Israel e Irã, que travaram um conflito de 12 dias em junho, entre outras negociações.
Fonte: Gazeta