A ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Rosa Villavicencio, afirmou nesta terça-feira (15), ao abrir em Bogotá a conferência ministerial do Grupo de Haia, que o que ocorre na Faixa de Gaza “não é uma tragédia acidental”, mas resultado de um “regime de ocupação” de Israel.
“Esta conferência, copresidida com a África do Sul, demonstra que os governos do Sul global não aceitam que o direito seja refém da geopolítica. O que ocorre na Palestina não é uma tragédia acidental, mas um regime de ocupação e exclusão”, afirmou Villavicencio.
O Grupo de Haia foi criado em janeiro pela Bolívia, Colômbia, Cuba, Honduras, Malásia, Namíbia, Senegal e África do Sul em resposta à grave crise humanitária em Gaza e se comprometeu, entre outras coisas, a fazer cumprir as ordens de prisão emitidas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por crimes de guerra.
A chanceler considerou que a reunião de dois dias não será apenas para deliberar, mas também “para agir com clareza jurídica, ética e política diante de um dos desafios morais mais graves de nosso tempo: o sofrimento do povo palestino”.
“A Colômbia se pronunciou sem ambiguidades: o que ocorre em Gaza é um genocídio. Em 2018, reconhecemos o Estado da Palestina e em 2024 rompemos relações com Israel diante do uso desproporcional da força contra civis. O direito internacional humanitário deve ser princípio e ação, não retórica vazia”, acrescentou a ministra.
Nesse sentido, explicou que o encontro em Bogotá busca “ir além das declarações e apoiar as investigações do Tribunal Penal Internacional, exigir o cumprimento da Corte Internacional de Justiça (CIJ), propor sanções específicas e mobilizar todos os instrumentos” do direito internacional existentes.
“Não estamos sozinhos, esta rede de Estados quer defender a legalidade internacional, mesmo quando incomoda. Não é um conflito religioso, é um dilema entre justiça e impunidade. Hoje, de Bogotá, reafirmamos: a Palestina não está sozinha, que esta reunião marque o início de uma ação conjunta, firme e transformadora”, acrescentou Villavicencio.
Na cúpula, que começa hoje e termina amanhã, participam representantes de mais de 30 países, incluindo Brasil, Bolívia, Chile, China, Cuba, Egito, Espanha, Honduras, Irlanda, México, Nicarágua, Uruguai e Venezuela.
A agenda da cúpula de Bogotá tem três eixos, o primeiro, iniciado ontem com uma reunião preparatória na qual participam organizações da sociedade civil e movimentos solidários com a causa palestina.
Hoje, ocorre a reunião ministerial em que serão discutidas as medidas práticas que podem ser adotadas no curto e médio prazo diante da ofensiva de Israel em Gaza.
Amanhã, a reunião será concluída com uma jornada de debate na qual participarão o presidente colombiano, Gustavo Petro, e a relatora da ONU para a Palestina, Francesca Albanese, que chegou ao país no último domingo.
Também haverá uma marcha de solidariedade com a Palestina no centro de Bogotá como parte do encerramento.
Fonte: Gazeta