A equipe do projeto internacional Legacy Survey of Space and Time (LSST, na sigla em inglês; Levantamento Legado do Espaço e do Tempo, na tradução livre) divulgou as primeiras imagens captadas pelo supertelescópio Vera C. Rubin, que abriga a maior câmera digital já construída. Com um detalhismo sem precedentes, os registros revelam cerca de 10 milhões de galáxias e milhares de asteroides do nosso Sistema Solar – um marco que inaugura uma nova era na exploração do universo.
Instalado no topo de uma montanha no Chile, o Observatório Vera C. Rubin é o centro do projeto LSST, cuja proposta é bastante ambiciosa: mapear todo o céu visível do hemisfério sul a cada três noites, em altíssima resolução.
O nome do supertelescópio é uma homenagem à astrônoma americana Vera Cooper Rubin, que foi a primeira a apresentar evidências concretas da existência da matéria escura, um dos grandes enigmas da astronomia e um dos principais pontos de estudo do projeto.
A câmera do supertelescópio: um colosso tecnológico
O coração do Vera Rubin é sua câmera digital, considerada a maior do mundo. Com mais de 3.200 megapixels, ela é tão potente que uma única imagem poderia ocupar quase 400 telas de TV 4K. O equipamento é tão grande que precisou de uma construção especial só para ser montado, pesando nada menos que três toneladas.
Para efeito de comparação, ela é capaz de detectar a luz de uma vela acesa a quase 25 quilômetros de distância.
Mas o tamanho não é tudo! A câmera foi projetada para observar o universo de forma sistemática, criando um banco de dados visual inédito. A ideia é registrar bilhões de estrelas e galáxias, além de acompanhar com precisão eventos raros, como supernovas, colisões de asteroides ou até pistas de objetos ainda desconhecidos.
As primeiras imagens do supertelescópio
As primeiras imagens captadas pela câmera do supertelescópio já dão uma bela amostra do que vem por aí. Entre os registros divulgados, estão o Aglomerado de Virgem, conjunto de galáxias – incluindo a Via Láctea –, e as nebulosas: Trífida e da Lagoa. Tudo com uma nitidez surpreendente.

Essas imagens não são apenas bonitas, elas também são cientificamente valiosas. Com esse nível de detalhamento, os astrônomos conseguem:
- comparar mudanças no céu ao longo do tempo;
- detectar padrões sutis;
- entender melhor a estrutura e a história do universo.


Para que serve um supertelescópio?
A principal missão do Vera C. Rubin é ajudar a desvendar alguns dos maiores mistérios da física e da cosmologia. Um deles é a matéria escura, que representa cerca de 27% do universo, mas que nunca foi diretamente observada. Ao mapear de que forma as galáxias se movem e se distribuem, os cientistas esperam entender melhor o papel dessa substância invisível.
Além disso, o telescópio de rastreamento será uma ferramenta crucial para monitorar asteroides próximos à Terra, acompanhar a expansão do universo e buscar sinais de fenômenos ainda desconhecidos. Em termos práticos, ele será uma espécie de “vigia do espaço”, registrando tudo o que se move e muda no céu.
Como o público pode acompanhar atualizações sobre o supertelescópio?
As imagens espaciais e os dados capturados pelo supertelescópio estarão disponíveis para pesquisadores do mundo todo e muitos deles também serão divulgados ao público. Isso inclui desde visualizações artísticas até modelos interativos do céu, que podem ser acessados online no site do Rubin Observatory.
Entretanto, ainda não é possível acompanhar as imagens do supertelescópio em tempo real, como se fosse uma transmissão ao vivo. Mas o projeto LSST foi concebido com um forte compromisso de acesso público aos dados, o que significa que as imagens e informações coletadas pela câmera do supertelescópio serão disponibilizadas periodicamente em um banco de dados aberto.
Hubble, James Webb e Vera Rubin: quais são as diferenças entre eles?
Enquanto telescópios como o Hubble e o James Webb observam regiões específicas do espaço em profundidade, o Vera C. Rubin tem uma função mais ampla e dinâmica. Ele não foca em apenas um ponto, mas em todo o céu visível.
É como a diferença entre usar uma lupa e um drone: o primeiro vê detalhes minuciosos, já o segundo cobre grandes áreas com agilidade. Essa abordagem complementar permite que os dados do supertelescópio sejam usados em conjunto com outras observações, entregando uma visão mais completa do universo.
Fonte: Gazeta