O ex-presidente russo Dmitry Medvedev classificou nesta terça-feira (15) como “teatral” o ultimato enviado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar as tarifas sobre a Rússia caso a guerra na Ucrânia não termine, afirmando que essa ameaça é indiferente para Moscou.
“Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo estremeceu, esperando as consequências. A beligerante Europa ficou decepcionada. Para a Rússia, tanto faz”, escreveu Medvedev, aliado do ditador Vladimir Putin, em inglês na rede social X.
Apesar da elevação do tom nas últimas semanas por parte do presidente dos EUA, que disse nesta terça-feira “estar decepcionado” com Putin, seu esperado anúncio foi percebido como insuficiente pela comunidade internacional.
A espera de até 50 dias para impor sanções econômicas em forma de tarifas “muito severas”, como disse Trump, permitirá à Rússia continuar avançando em sua campanha contra a Ucrânia, algo que já tem feito desde o início das negociações deste ano.
Essa nova fase pode ser para o Kremlin uma nova oportunidade de ganhar tempo, situação da qual tem tirado vantagem desde o início da guerra em 2022.
A pausa antes de possíveis sanções também lhe concede certa margem de manobra para repensar sua política econômica, depois que alertas de uma possível crise bancária no próximo ano surgiram como consequência, em primeira instância, da militarização de sua economia.
Rússia alega que Trump está sob “enorme” pressão da UE e da Otan
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, afirmou nesta terça-feira que Trump está sob uma “enorme” pressão da União Europeia (UE) e da Otan, em alusão ao ultimato de 50 dias que fixou para que a Rússia chegue a um acordo com a Ucrânia.
“Queremos compreender o que está por trás dessa declaração (…) É evidente que (Trump) está sob uma enorme pressão”, disse o chefe da diplomacia russa na China, onde se encontra para uma reunião do Conselho de Ministros das Relações Exteriores da Organização de Cooperação de Xangai (OCX).
Lavrov descreveu a pressão exercida sobre o líder americano pelos dirigentes da UE e da Otan como “indecente”.
“Já foram impostas contra nós uma quantidade sem precedentes de sanções. Estamos enfrentando-as, não tenho nenhuma dúvida de que faremos (também no futuro)”, declarou o chanceler russo.
Mais cedo, o Kremlin classificou como “muito séria” a declaração de Trump sobre possíveis sanções à Rússia e seus parceiros se um acordo na Ucrânia não for alcançado e pediu que se espere a reação do ditador russo, Vladimir Putin, sobre o assunto.
Fonte: Gazeta