O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (1º) o pacote fiscal elaborado pelo presidente Donald Trump, em uma sessão marcada por intensos debates e pela necessidade do voto de desempate do vice-presidente J.D. Vance.
A proposta, considerada peça central da agenda econômica do governo Trump para a sequência deste segundo mandato, amplia cortes de impostos, reforça o orçamento para defesa e deportações, e prevê mudanças profundas em programas sociais como Medicaid e assistência alimentar. Agora, o texto retorna à Câmara dos Representantes para uma nova votação, devido às alterações que foram feitas pelos senadores.
O projeto, apelidado por Trump de “Grande e Belo Projeto de Lei”, foi aprovado após um empate de 50 a 50 no plenário, sendo viabilizado pelo voto decisivo do vice-presidente, como determina a Constituição americana. Apesar da maioria republicana no Senado, três senadores do próprio partido se posicionaram contra o texto, evidenciando as divisões internas sobre o impacto econômico e social da proposta.
Entre os principais pontos do pacote fiscal está a extensão dos cortes de impostos implementados no primeiro mandato de Trump, incluindo isenção para gorjetas, horas extras e aposentadoria. O texto também destina recursos significativos para construção de novos trechos do muro na fronteira com o México, ampliação do efetivo de agentes de imigração e financiamento de operações de deportação em larga escala. Segundo o Senado, o orçamento destinado a essas ações supera US$ 100 bilhões até 2029.
Por outro lado, a proposta prevê cortes profundos em programas sociais. Segundo a análise do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), as mudanças podem resultar na perda de cobertura de saúde para até 11,8 milhões de pessoas até 2034, além de reduzir os benefícios do SNAP, programa que auxilia famílias de baixa renda na compra de alimentos. O CBO também estima que o pacote adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões ao déficit público nos próximos dez anos.
O pacote aprovado também prevê o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos em US$ 5 trilhões, autorizando o governo federal a contrair novos empréstimos para financiar suas despesas e evitar o risco de calote. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, alertou que o país atingiria o limite de endividamento em vigor já em agosto, tornando a elevação do teto uma medida urgente para manter as operações do governo.
O presidente Trump defendeu o projeto como uma resposta às principais demandas dos americanos.
“É um grande projeto de lei… e acho que vai avançar muito bem na Câmara”, declarou. Trump também destacou que o texto “tem algo para todos” e prometeu celebrar a vitória legislativa com sua equipe após o retorno da votação.
O “Grande e Belo Projeto de Lei” foi alvo de críticas de republicanos que não são da base MAGA e do empresário Elon Musk, que integrou recentemente o governo Trump.
Apesar das críticas, a liderança republicana da Câmara afirmou que irá analisar e votar o projeto ainda nesta semana. Em nota, o presidente da Câmara, Mike Johnson, e outros líderes do partido ressaltaram: “Este projeto é a agenda do presidente Trump, e nós estamos tornando isso lei”. A expectativa do governo é aprovar o texto definitivo até o feriado de 4 de julho.
Fonte: Gazeta