O subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, questionou nesta quinta-feira (26) a razão de ser da Organização dos Estados Americanos (OEA), sugerindo que sua existência perde sentido se for “incapaz” de abordar com eficácia as crises na Venezuela e no Haiti.
“Se somos incapazes de responder ou remediar uma situação em que um regime ignora abertamente as normas internacionais e ameaça a integridade territorial de seu vizinho [a Guiana, com quem Caracas disputa a região do Essequibo], então devemos nos perguntar: que sentido tem esta organização?”, disse Landau, durante seu discurso na Assembleia Geral da OEA, realizada em Antígua e Barbuda.
Landau relatou que o Departamento de Estado está revisando, por ordem do presidente americano, Donald Trump, a permanência dos Estados Unidos em organismos internacionais, incluindo a OEA.
“Para ser franco, não tenho clareza se posso prever como esta revisão terminará”, advertiu Landau.
O número 2 da diplomacia americana, que representa na assembleia o secretário de Estado, Marco Rubio, citou como exemplo a resposta da OEA à crise na Venezuela, onde o ditador Nicolás Maduro assumiu um novo mandato apesar das denúncias de fraude da oposição e de grande parte da comunidade internacional.
“Em resposta a essa descarada fraude eleitoral, o que esta organização fez? Até onde sabemos, nada substancial”, criticou Landau.
O subsecretário apontou que a oposição venezuelana, cujo candidato foi Edmundo González Urrutia, “não só venceu de forma avassaladora, mas tinha as provas para demonstrar isso”.
Ele lembrou que quase todos os países da região tiveram que acolher centenas de milhares de refugiados venezuelanos e ressaltou que “somente no mês passado, o regime venezuelano realizou outra farsa de eleições legislativas e regionais que necessitam de transparência e imparcialidade”.
Landau também colocou em pauta a crise no Haiti, país que, segundo ele, “afunda no caos”, e voltou a perguntar: “O que esta organização fez?”.
O subsecretário recordou que no ano passado foi enviada ao país uma missão de segurança liderada pelo Quênia com o aval da ONU, mas destacou que “os Estados Unidos não podem continuar suportando sozinhos esse pesado fardo financeiro”.
“Se a OEA não está disposta ou não pode desempenhar um papel construtivo no Haiti, nos perguntamos seriamente por que existe”, questionou.
Além disso, Landau pediu aos Estados-membros que ratifiquem amanhã a candidata dos Estados Unidos a membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a dissidente cubana Rosa María Payá.
“É hora de a OEA mostrar resultados, de apoiar o povo de Venezuela e Haiti não apenas com palavras”, concluiu.
Fonte: Gazeta