O narcotraficante e líder criminoso José Adolfo Macías Villamar, conhecido como “Fito”, o homem mais procurado do Equador, foi recapturado nesta quarta-feira (25), quase um ano e meio após escapar da prisão, para onde retornou para aguardar extradição aos Estados Unidos para ser julgado por sete acusações.
Pouco antes das 18h (horário local, 20h de Brasília), o presidente equatoriano, Daniel Noboa, anunciou a nova prisão de do criminoso, que havia se tornado um dos principais alvos da guerra que declarou contra o crime organizado logo após sua fuga, diante da escalada de violência que levou o Equador a figurar entre os países com as maiores taxas de homicídio da América Latina.
A recompensa oferecida pelo governo equatoriano era de US$ 1 milhão pelo líder da Los Choneros, a maior e mais antiga quadrilha criminosa do Equador, dedicada a fornecer toneladas de cocaína – produzidas principalmente na Colômbia – ao cartel mexicano de Sinaloa.
Apesar de ser alvo de um mandado de prisão internacional emitido pela Interpol e após meses de especulação de que poderia estar escondido na Colômbia ou na Argentina, “Fito” foi preso em sua cidade natal, Manta, na província costeira de Manabí, berço e reduto da Los Choneros.
“Bunker subterrâneo”
O criminoso, de 45 anos, estava escondido em um “bunker subterrâneo” construído sob uma casa, onde foi localizado após uma operação militar que durou dez horas, segundo o ministro do Interior equatoriano, John Reimberg.
Foi preciso usar uma escavadeira para acessar o bunker, onde “Fito” era protegido por outros quatro homens que também foram detidos.
Até quarta-feira, todos os vestígios dele haviam desaparecido desde que escapou silenciosa e furtivamente da Penitenciária Regional de Guayaquil entre o final de 2023 e o início de 2024, sem que ninguém relatasse nada em uma prisão onde até então era o senhor e mestre, totalmente controlada pela Los Choneros.
Logo após sua fuga, um grupo de familiares e amigos do narcotraficante foi detido em uma luxuosa área residencial nos arredores de Córdoba, Argentina, e deportado para o Equador, onde foram posteriormente liberados sem acusações ou processos.
No entanto, no início de junho, vários membros do círculo íntimo de “Fito” foram presos no Equador, incluindo seu irmão e parentes de sua namorada, que já estava presa, com o objetivo de atacar as finanças do líder da Los Choneros, acusando-os de supostamente lavar um valor de pelo menos US$ 24 milhões.
Retorno a La Roca
De Manta, “Fito” foi transferido em um avião da Força Aérea Equatoriana (FAE) para Guayaquil, onde será novamente preso em La Roca, a prisão de segurança máxima do Equador, onde cumprirá sua pena de 34 anos por crimes como tráfico de drogas, assassinato e crime organizado, imposta em 2011.
Trata-se de uma prisão familiar para ele, pois escapou dela pela primeira vez em 2013 com outros 17 membros da Los Choneros, embora tenha sido capturado novamente três meses depois.
Em 2023, também passou algumas semanas ali até que um drone-bomba explodiu o teto da prisão, o que lhe fez ser transferido ao seu reduto, a Penitenciária Regional de Guayaquil, de onde fugiu meses depois.
“Fizemos a nossa parte para prosseguir com a extradição de ‘Fito’ para os Estados Unidos; estamos aguardando a resposta”, disse nas redes sociais o presidente Noboa, que no momento da prisão estava na China, como parte de uma viagem oficial que também inclui visitas à Espanha e à Itália.
Acusação pendente nos EUA
No último mês de abril, o governo dos EUA acusou o narcotraficante formalmente de sete acusações, incluindo conspiração para distribuir cocaína internacionalmente, uso de armas de fogo e contrabando de armas de fogo dos EUA.
De acordo com a acusação, Los Choneros, em aliança com o Cartel de Sinaloa, controlavam as principais rotas de tráfico de cocaína através do Equador e operavam uma rede de larga escala “responsável pelo envio e distribuição de toneladas de cocaína da América do Sul, através de América Central e México, para os Estados Unidos e outros lugares”.
Los Choneros também foram sancionados pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos EUA a fim de bloquear contas e propriedades vinculadas ao grupo ou ao próprio “Fito”.
Ele é o único líder da Los Choneros desde maio de 2023, em um momento de conflito com outras gangues criminosas que desbancaram esse grupo criminoso da hegemonia da atividade criminosa no Equador, a qual detinha desde a década de 1990 até aproximadamente 2020.
Esse confronto levou a uma crise de violência sem precedentes no Equador, que o atual governo do presidente Noboa busca combater com sucessivos estados de emergência, com a militarização das prisões, além de ter declarado o país em “conflito armado interno” e as gangues criminosas como grupos terroristas.
Fonte: Gazeta