O Reino Unido anunciou nesta quarta-feira (25) a compra de 12 caças-bombardeiros F-35A com capacidade de lançar bombas nucleares do ar.
A medida é um passo importante para reforçar a missão nuclear de aeronaves de dupla capacidade da Otan, “em um grande impulso à segurança nacional”, e é considerado pelo governo “o maior fortalecimento da postura nuclear do Reino Unido em uma geração”.
O anúncio coincide com a cúpula da aliança militar ocidental em Haia, na Holanda. Mais cedo, os países membros reafirmaram o compromisso inabalável com a defesa coletiva do grupo e se comprometeram a investir 5% do seu PIB em defesa até 2035, uma posição muito aguardada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Até o momento, as Forças Armadas britânicas possuem apenas uma das frentes da tríade de sistemas de lançamento de armas nucleares: os submarinos Trident, que tem capacidade de disparar mísseis de cruzeiro. A nova aquisição tem o objetivo de facilitar a atuação militar britânica em caso de uma “crise direta”, ou seja, uma guerra na Europa.
O governo enfatizou que os novos equipamentos militares reintroduzem “um papel nuclear” para a Força Aérea Britânica “pela primeira vez desde que o Reino Unido aposentou suas armas nucleares soberanas lançadas do ar após o fim da Guerra Fria”.
Ao todo, mais de 100 fornecedores sediados no Reino Unido integrarão o programa chamado F35. Além de armas nucleares, os caças-bombardeiros F-35A podem transportar armas convencionais, uma dupla capacidade.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou no anúcio: “Em uma era de incerteza radical, não podemos mais considerar a paz como garantida, e é por isso que meu governo está investindo em nossa segurança nacional, garantindo que nossas Forças Armadas tenham o equipamento de que precisam e que comunidades em todo o país colham os benefícios de nossos dividendos de defesa”.
“O compromisso do Reino Unido com a Otan é inquestionável, assim como a contribuição da Aliança para manter o Reino Unido seguro e protegido, mas todos nós devemos nos esforçar para proteger a área Euro-Atlântica para as gerações futuras”, acrescentou.
Atualmente, sete membros da Otan, entre eles Alemanha e Itália, possuem aeronaves de dupla capacidade de transportar ogivas nucleares americanas B61 armazenadas em solo europeu.
Na terça-feira (24), Starmer já havia feito um pronunciamento alertando sobre a possibilidade de conflito armado em solo britânico. “Pela primeira vez em muitos anos, temos que nos preparar ativamente para a possibilidade de o território do Reino Unido sofrer ameaça direta, potencialmente em um cenário de guerra”, disse.
No comunicado do governo no dia anterior, o premiê do Reino Unido destacou que a ordem internacional estava sendo “remodelada por uma intensificação da competição entre grandes potências, agressão autoritária e ideologias extremistas”. Por isso, as forças armadas britânicas devem investir em “maior letalidade, prontidão para o combate, maiores estoques de munições e novas tecnologias”.
Nesta semana, os britânicos também anunciaram que se juntariam à missão nuclear aerotransportada da Otan, que envolve a preparação de aeronaves ocidentais aliadas com bombas americanas B61 armazenadas na Europa.
Fonte: Gazeta