Os ataques dos Estados Unidos e de Israel contra o Irã foram realizados com o objetivo de impedir o regime dos aiatolás de obter uma arma nuclear, embora as primeiras informações apontem que a ameaça do programa nuclear iraniano (que Teerã diz ser pacífico) continua.
Hoje, nove países possuem armas nucleares: Rússia, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte. Outros seis abrigam armas nucleares de outros países: Belarus (da Rússia), Turquia, Itália, Bélgica, Alemanha e Holanda (dos Estados Unidos).
Com os conflitos pelo mundo, está crescendo o número de países que pretendem desenvolver armas nucleares próprias ou ao menos ter em seu território ogivas de outras nações, como elemento de dissuasão contra rivais geopolíticos. Confira abaixo alguns deles:
Polônia
O primeiro-ministro Donald Tusk disse este ano que o país está pensando em desenvolver armas nucleares.
“Devemos estar cientes de que a Polônia deve buscar as capacidades mais modernas, também relacionadas a armas nucleares e armas não convencionais modernas. Esta é uma corrida pela segurança, não pela guerra”, disse Tusk.
Paralelamente, o presidente polonês, Andrzej Duda, tem defendido que ogivas nucleares americanas sejam alocadas em solo polonês.
“As fronteiras da Otan foram deslocadas para o leste em 1999, então, 26 anos depois, também deveria haver uma mudança na infraestrutura da Otan para o leste”, disse Duda em entrevista ao jornal Financial Times.
“Acho que não só chegou a hora, mas que seria mais seguro se armas [nucleares] já estivessem aqui”, justificou.
Japão
Armas nucleares são um tabu no Japão, único país na história que foi alvo de ataques com esse tipo de armamento.
Porém, em artigo publicado pelo Instituto Hudson no ano passado, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, disse que o país precisa começar a pensar em opções na área, diante da ameaça representada pela parceria entre Rússia, Coreia do Norte e China, que pode fazer “parar de funcionar” “a dissuasão estendida dos Estados Unidos na região”.
O premiê japonês defendeu no texto a ideia de uma versão asiática da Otan, que deve “considerar especificamente o compartilhamento de armas nucleares pelos EUA ou a introdução de armas nucleares [próprias] na região”.
Coreia do Sul
O recém-eleito presidente Lee Jae-myung, do centro-esquerdista Partido Democrático da Coreia (DPK, na sigla em inglês), disse num debate no final de maio se opor a que a Coreia do Sul tenha armas nucleares próprias ou que volte a abrigar armas desse tipo dos Estados Unidos, como fez até 1991.
“Se as armas nucleares táticas retornarem à Península Coreana, como podemos exigir de forma crível a desnuclearização da Coreia do Norte? A desnuclearização não é uma política nacional fundamental?”, questionou Lee.
Porém, pesquisas mostram que mais de 70% da população da Coreia do Sul é a favor de que o país tenha armas nucleares, e o conservador Partido do Poder Popular (PPP), o outro grande partido sul-coreano, criou na Assembleia Nacional, o parlamento local, o chamado Fórum Mugunghwa, que visa angariar apoios para o desenvolvimento de armamentos desse tipo.
Ou seja, se houver uma nova mudança nos ventos políticos na Coreia do Sul, o país pode acelerar sua busca por armas nucleares, principalmente para dissuadir as ameaças do vizinho comunista ao norte.
Suécia
No ano passado, pouco após a Suécia entrar na Otan, o primeiro-ministro Ulf Kristersson disse que cogitava a hipótese de permitir que o país abrigue ogivas nucleares de outros integrantes da aliança militar do Ocidente – mas apenas em caso de conflito.
“Se houver uma guerra conosco em nosso território, para a qual a Suécia seja arrastada após um ataque de outros, a situação seria completamente diferente. Então, toda a Otan se beneficiaria do guarda-chuva nuclear que deve existir nas democracias enquanto países como a Rússia tiverem armas nucleares”, disse Kristersson à emissora de rádio P1.
Turquia
Segundo dados da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican), a Turquia já abriga 20 ogivas nucleares dos Estados Unidos, o que incomoda aliados da Otan, já que o presidente Recep Tayyip Erdogan é próximo da Rússia e da China.
Em 2019, Erdogan criticou o conceito de que “países como os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França e o Reino Unido podem possuir armas nucleares, enquanto outros, incluindo a Turquia, não”.
Um relatório recente do think tank americano Fundação para a Defesa das Democracias (FDD) destacou alguns indícios de que Ancara pode estar em busca de desenvolver armas nucleares próprias, como parcerias com a Rússia para a construção de reatores nucleares e um “acordo suspeito” para adquirir do Níger minério de urânio para enriquecimento.
Mianmar
O embaixador civil de Mianmar nas Nações Unidas, U Kyaw Moe Tun, que se opõe à junta militar que governa o país asiático desde 2021, denunciou em um evento sobre não proliferação nuclear em Nova York em maio que o regime birmanês está em busca de armas nucleares.
Segundo informações do jornal independente The Irrawaddy, ele afirmou que uma parceria com a Rússia para a construção de uma usina nuclear em Naipidau pode ser uma fachada para um programa de desenvolvimento de armas.
“Temos sérias preocupações de que a junta possa tentar adquirir tecnologia nuclear para aplicações militares sob o pretexto de fins pacíficos”, disse o embaixador.
“A junta militar instrumentaliza a ajuda humanitária para as vítimas do terremoto e também instrumentalizará a tecnologia nuclear”, afirmou, em referência ao sismo em Mianmar em março que matou mais de 5 mil pessoas no país.
Fonte: Gazeta