Durante décadas, o médico Jan Karbaat foi visto como um pioneiro da reprodução assistida na Holanda – até que se descobriu, em 2017, que ele usava o próprio sêmen para inseminar diversas pacientes sem consentimento.
As primeiras denúncias sobre as práticas de Karbaat surgiram quando mães começaram a perceber diferenças físicas notáveis entre seus filhos e os pais legais. Tais suspeitas motivaram as famílias a buscar exames genéticos, que revelaram um padrão: muitos dos filhos tinham o mesmo pai biológico.
O caso foi confirmado por testes de DNA autorizados pela Justiça holandesa em 2019, que comprovaram que Karbaat era o pai biológico de mais de 49 crianças que foram geradas por inseminação artificial em sua clínica, que ficava localizada na cidade holandesa de Barendrecht. Os testes foram feitos após a morte do médico, ocorrida no início de 2017, quando a polícia apreendeu objetivos com materiais genéticos dele. Segundo as investigações das autoridades holandesas, Karbaat manipulava documentos e garantia às pacientes que usaria no processo material genético de doadores anônimos selecionados, mas, na verdade, utilizava seu próprio sêmen sem informar às famílias.
Karbaat atuou no setor de reprodução assistida em um período em que as regras para inseminação artificial na Holanda eram pouco rigorosas, o que, segundo as autoridades, facilitou a prática dos atos criminosos. Após realizar o procedimento, o médico chegava a afirmar que os filhos das pacientes poderiam conhecer o doador futuramente.
Em entrevistas para veículos internacionais, ex-pacientes relataram que o Karbaat se apresentava na época em que atuava no setor como um profissional empático e inovador, acolhendo até mulheres solteiras e casais homoafetivos — postura vista, à época, como progressista.
Apesar das tentativas da família do médico de impedir o acesso das autoridades ao seu material genético após sua morte, a Justiça holandesa determinou que o direito dos filhos em descobrir sua ascendência deveria prevalecer. Com base nessa decisão, exames realizados em 2019 confirmaram a conexão biológica entre Karbaat e as dezenas de crianças nascidas em sua clínica.
Fonte: Gazeta