Após o fracasso da primeira rodada de negociações para um acordo diplomático entre Israel e Irã, em Genebra, na Suíça – com a presença de representantes do regime iraniano e da União Europeia –, e do bate-boca entre os embaixadores de Israel e do Irã na ONU, que trocaram acusações de violações de leis internacionais e prometeram continuar com os ataques durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, cresce a expectativa de que os ataques mútuos iniciados há uma semana se estendam por tempo indeterminado.
A perspectiva de uma guerra longa foi confirmada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel, Eyal Zamir, que divulgou um vídeo nesta sexta-feira (20) pedindo à população que se prepare para uma “campanha prolongada” contra o Irã. Segundo ele, o objetivo é eliminar a “ameaça existencial” representada pelo arsenal bélico iraniano.
No pronunciamento, direcionado aos cidadãos israelenses e divulgado após mais um ataque de mísseis iranianos – que deixou 17 feridos, três deles em estado grave, com impactos registrados em várias regiões do país, incluindo Haifa –, Zamir afirmou que, no início da campanha, o Irã dispunha de cerca de 2.500 mísseis terra-terra e poderia chegar a 8.000 em dois anos.
Segundo o comandante, a combinação entre o programa nuclear iraniano, o poder de fogo avançado e os sistemas de mísseis obrigou Israel a realizar um ataque preventivo.
“As Forças de Defesa de Israel (IDF) não ficam de braços cruzados diante de ameaças em desenvolvimento. Como parte de uma abordagem dinâmica, agimos proativamente e com antecedência para prevenir ameaças existenciais e enfrentar qualquer desafio”, declarou.
Zamir também fez um balanço parcial da operação, destacando a eliminação de membros do alto comando militar iraniano, ataques a instalações nucleares e a destruição de lançadores de mísseis e baterias antiaéreas. Ainda assim, alertou que o conflito está longe do fim.
“Embarcamos na campanha mais complexa da nossa história. Contra um inimigo como esse, precisamos estar prontos para uma campanha prolongada. A campanha não acabou. Embora tenhamos alcançado conquistas significativas, dias difíceis ainda estão por vir”, disse.
Abrigos reforçados
Outro indicativo de que o conflito deve se estender foi o anúncio de um plano conjunto do Ministério da Defesa e do Comando da Frente Interna para reformar 500 abrigos antibombas públicos e instalar mais 1.000 abrigos móveis ao longo das estradas de Israel.
“Diante da situação de segurança, o governo aprovou, por votação telefônica, um plano para acelerar a defesa da frente interna”, informou o ministro da Defesa isralense, Israel Katz.
As reformas devem se concentrar na região central do país, mais atingida pelos mísseis iranianos na última semana. Já os abrigos móveis serão distribuídos em “áreas sensíveis em todo o país”, segundo Katz.
Localidades da região de Gush Dan, como Bnei Brak e Ramat Hasharon, já começaram a receber unidades portáteis.
Desde o início da ofensiva israelense, ao menos 24 pessoas morreram em Israel em decorrência de ataques iranianos. Do lado iraniano, autoridades relataram 224 mortos nos primeiros dias do conflito, mas não atualizaram os números desde então. Também não há informações sobre os locais ou circunstâncias das mortes.
Na quinta-feira (19), o regime iraniano impôs restrições ao acesso à internet, dificultando a divulgação de informações sobre possíveis vítimas dos bombardeios israelenses no país.
Fonte: Gazeta