O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devolveu, simbolicamente, a carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% ao Brasil. Na noite desta quarta-feira (9), o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, foi convocado novamente pelo governo brasileiro, em um gesto de repúdio às declarações do presidente americano – à tarde ele já havia sido chamado, devido a uma nota da embaixada americana em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na carta endereçada ao presidente Lula, Trump acusa o governo brasileiro de perseguir Bolsonaro. O Itamaraty considerou as afirmações inaceitáveis e reafirmou a posição brasileira de não aceitar qualquer tipo de ingerência externa sobre decisões soberanas do país. Mais tarde, Lula repetiu esse recado nas redes sociais.
“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, disse o presidente.
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A carta de Trump acusa o Brasil de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, descrevendo a situação como “uma vergonha” e exigindo que o processo judicial contra o ex-presidente seja encerrado. Ele também justificou a imposição das tarifas alegando prejuízos econômicos e denunciando supostas “ordens secretas e ilegais” contra plataformas de mídia nos Estados Unidos que, diz, violariam a liberdade de expressão.
Lula rebateu e afirmou que a medida será enfrentada com base no princípio da reciprocidade e rebateu as justificativas de Trump.
“É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de US$ 410 bilhões ao longo dos últimos 15 anos”, declarou.
O Palácio do Planalto divulgou nota reafirmando que o processo judicial que envolve Bolsonaro é responsabilidade exclusiva da Justiça brasileira. Portanto, diz, “não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”.
Fonte: Gazeta