O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, entregará a líderes do Brics neste domingo (6) um caderno com demandas de movimentos sociais com foco em políticas de saúde, educação, ecologia, cultura, finanças, soberania digital e arcabouço institucional. A grande maioria delas é constantemente citada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus discursos.
A iniciativa faz parte do chamado “Conselho Popular do Brics”, instituído no ano passado e reforçado durante a presidência brasileira do bloco. O encontro de cúpula dos líderes dos países é realizado no Rio de Janeiro.
“O que vamos dizer a eles é que a cooperação tem que passar necessariamente por organizações da sociedade civil. Porque os governos vão aproveitar da grande política, os grandes temas da conjuntura, porém, nós precisamos construir canais mais concretos de cooperação tecnológica, de cooperação cultural, e isso só poderá ser feito pelos povos”, afirmou Stédile.
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O caderno sintetiza uma agenda construída, segundo o Brics, sob uma ótica de justiça social, multipolaridade e soberania. No eixo da saúde, o documento propõe uma estratégia global para ampliar a equidade, fortalecer os sistemas públicos e responder aos determinantes sociais das doenças.
Na educação, o foco está em modelos não ocidentais, com ênfase na soberania, diversidade e no combate ao que considera como mercantilização do ensino. As questões ambientais aparecem com destaque, por conta do avanço das mudanças climáticas.
As recomendações incentivam o desenvolvimento sustentável impulsionado pelos países do Sul Global, promovendo a cooperação ecológica entre os membros do bloco.
Outras demandas do Conselho Popular do Brics fazem eco direto a falas de Lula, como a reforma de instituições multilaterais financeiras e a defesa por uma inteligência artificial fora do domínio das big techs.
No campo financeiro, o documento sugere a reestruturação da arquitetura monetária global sob a perspectiva do Brics, com foco na soberania, inclusão e sustentabilidade. As medidas abrangem tributação, comércio, regulação monetária, inovação tecnológica e reformas institucionais.
Já no eixo da soberania digital propõe uma governança inclusiva da inteligência artificial e proteção contra a concentração tecnológica.
Está prevista para outubro uma nova etapa presencial do conselho ainda sob a presidência rotativa do Brasil, com uma conferência ampliada em Salvador (BA).
Fonte: Gazeta