O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou na última quarta-feira (2) a existência de um suposto golpe de Estado contra ele orquestrado pelo Partido Republicano dos Estados Unidos e por um ex-ministro de Petro, o ex-chanceler Álvaro Leyva.
A acusação de Petro é apenas mais um capítulo na querela entre o líder de esquerda colombiano e os Estados Unidos. Desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro deste ano, as relações diplomáticas entre os dois países se estremeceram, por motivos que vão desde a deportação de imigrantes ilegais, sanções comerciais e até a revogação de vistos diplomáticos ao político sul-americano.
Repatriação de imigrantes ilegais
O primeiro round entre Trump e Petro aconteceu apenas seis dias após o americano ser empossado, no dia 26 de janeiro deste ano. À época, o presidente colombiano havia recusado receber dois voos militares americanos que levavam imigrantes ilegais deportados dos EUA para seu país de origem.
Como resposta à recusa, Donald Trump anunciou que seu governo iria impor sanções contra a Colômbia. Dentre as medidas cogitadas por Washington, uma tarifa emergencial de 25% sobre todos os produtos oriundos do país latino-americano e sanções ao Tesouro e ao setor financeiro da Colômbia foram anunciados.
“Acabo de ser informado que dois voos de repatriação provenientes dos Estados Unidos, com um grande número de criminosos ilegais não foram autorizados a aterrissar na Colômbia”, disse Trump. “A recusa destes voos por parte de Petro colocou em risco a segurança nacional e a segurança pública dos Estados Unidos.”
Petro, por sua vez, Gustavo Petro afirmou que os EUA não poderiam tratar como criminosos os imigrantes colombianos. “Desautorizo a entrada de aviões norte-americanos com imigrantes colombianos para nosso território. Os EUA devem estabelecer um protocolo de tratamento digno aos imigrantes antes de os recebermos”.
Um dia depois, porém, o governo dos Estados Unidos considerou a crise como “encerrada” assim que Bogotá aceitou “todos os termos” apresentados por Trump, como a “aceitação irrestrita de todos os estrangeiros ilegais da Colômbia retornados dos Estados Unidos, inclusive em aeronaves militares, sem limitações ou atrasos”
Visto revogado de Petro
Cerca de três meses após o embate acerca das deportações de imigrantes, Gustavo Petro afirmou, no dia 21 de abril, que o governo de Donald Trump havia revogado seu visto e, portanto, ele não poderia mais viajar para os Estados Unidos.
“Não posso mais ir porque acho que tiraram meu visto. Eu não precisaria de visto, mas tudo bem. Já vi o Pato Donald várias vezes, então vou ver outras coisas”, ironizou Petro durante uma reunião de gabinete realizada na Casa de Nariño, sede do Executivo colombiano.
Não houve resposta da administração do governo Trump sobre o caso à época.
Suposto golpe de estado
No mais recente capítulo da crise entre Colômbia e Estados Unidos, Gustavo Petro denunciou, na última quarta-feira (2), a existência de um suposto golpe de Estado contra ele e uma suposta conspiração de seu ex-chanceler Álvaro Leyva. Segundo o jornal El País informou no fim de semana, Leyva teria entrado em contato com políticos do Partido Republicano dos EUA para supostamente derrubar o presidente de esquerda.
De acordo com esse suposto plano, Leyva, um conservador de 82 anos que teve desentendimentos públicos com seu antigo colaborador, se reuniu há dois meses nos EUA com o congressista republicano Mario Díaz-Balart. Depois, teria tentado se encontrar com o legislador Carlos Giménez, ambos representantes republicanos pela Flórida.
Com a reunião, o ex-diplomata teria buscado se aproximar do secretário Rubio e exercer “pressão internacional” contra Petro para colocar a vice-presidente, Francia Márquez, em seu lugar.
Fonte: Gazeta