Participando de uma transmissão no canal da rádio AuriVerde Brasil, neste sábado (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro comentou que os processos contra parlamentares de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visam prejudicá-lo. Ele também convidou apoiadores para a manifestação marcada para este domingo (29), na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo.
“Ninguém tem dúvida de que o alvo sou eu. Então, eles botaram na cabeça que, me derrubando, me tirando de combate, não interessa como, ajuda em muito o trabalho da oposição por ocasião das eleições do ano que vem”, disse Bolsonaro.
A fala do ex-presidente ocorreu após o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) apresentar, durante a live, números sobre processos judiciais (ações, inquéritos, petições) envolvendo deputados de oposição no Supremo Tribunal Federal (STF). Do total de 61 processos contra deputados, 39 são relacionados ao Partido Liberal, 5 são do PP, 4 do MDB, 4 do Avante, 3 do Novo, 2 do União Brasil, 1 do PT, 1 do Solidariedade e 1 do Republicanos.
“Eu, por exemplo, respondi processo, o mais grave foi de ser o mentor da morte de Marielli Franco. Passei cinco anos, não respondendo na Justiça, mas sendo massacrado na mídia, acusado de ter sido o mentor da morte de Marielle Franco. Depois apareceu o responsável e esse assunto simplesmente sumiu”, continuou Bolsonaro.
E acrescentou: “Agora estou nesse golpe fictício, nessa fumaça chamado de Golpe de Estado. Não tem nada contra mim. Espero que o relator Paulo Gonet (Procurador-Geral da República) chegue a essa mesma conclusão e que possamos arquivar mais esse outro processo.”
A afirmação de Bolsonaro ocorre em um momento em que o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, é investigado por sua atuação nos Estados Unidos. Eduardo Bolsonaro se licenciou do mandato de deputado federal em março e se autoexilou nos Estados Unidos.
Desde então, ele vem denunciando violações de direitos humanos, prisões de pessoas inocentes (especialmente relacionadas às manifestações de 8 de janeiro de 2023), censura em redes sociais e decisões que considera abusivas do ministro Alexandre de Moraes.
Além dele, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em janeiro de 2023. Atualmente a parlamentar se encontra de licença na Itália.
Também participaram da transmissão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS); o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), a líder da minoria, Carol de Toni (PL-SC), o deputado Marco Feliciano (PL-SP) e demais parlamentares aliados no Congresso. O vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL-SP) e o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) também compareceram.
Direita volta às ruas neste domingo (29)
Sob o lema “Justiça Já”, Bolsonaro e aliados voltam à Avenida Paulista (SP), neste domingo. A mobilização tem como objetivo demonstrar apoio ao ex-mandatário, que é réu em processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado, bem como reivindicar anistia aos presos do 8 de janeiro. O evento é organizado pelo pastor Silas Malafaia.
O ato deve contar com a participação dos governadores Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Melo (Santa Catarina) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro). Os governadores Ratinho Jr. (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás) não devem comparecer.
Também devem marcar presença a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os deputados Luciano Zucco (PL-RS), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Marco Feliciano (PL-SP), Carol De Toni (PL-SC), Marcel van Hatten (Novo-RS), André Fernandes (PL-CE), Mário Frias (PL-SP), entre outros. Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Rogério Marinho (PL-RN), Carlos Portinho (PL-RJ) e Jorge Seif (PL-SC) também confirmaram a participação no ato.
A nova manifestação é a quarta realizada neste ano. A primeira ocorreu em 16 de março, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em 6 de abril, Bolsonaro reuniu apoiadores na Avenida Paulista. Já em 7 de maio, ele realizou uma passeata em Brasília.
Manifestação ocorre em meio questionamentos sobre delação de Cid
O ato deste domingo ocorre em um momento decisivo para o ex-presidente. Desde o depoimento prestado ao Supremo, em 9 de junho, a delação do Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, vem sendo questionada por inconsistências.
Reportagem da revista Veja mostrou que o militar teria conversado com o advogado Eduardo Kuntz, defensor do coronel Marcelo Câmara – o que contraria sua versão durante interrogatório no Supremo, quando negou ter discutido os termos de sua colaboração com outras pessoas. A revelação fez a defesa de Bolsonaro pedir a anulação da colaboração de Cid, mas o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, negou a solicitação.
Além disso, o STF encerrou nesta sexta-feira (27) a fase de instrução da ação penal – em que são produzidas as provas perante o Judiciário – pela suposta tentativa de golpe de Estado e determinou que as partes apresentem as alegações finais.
De acordo com determinação feita pelo ministro Alexandre de Moraes, a Procuradoria-Geral da República deve se manifestar nos próximos 15 dias e fazer suas últimas considerações sobre o caso. Após esse prazo, mais 15 dias serão destinados para a apresentação das alegações finais do delator Mauro Cid e, por fim, as defesas de Bolsonaro e dos demais réus terão o mesmo tempo para se manifestar. Essa é a última etapa na tramitação do processo, antes que o julgamento seja marcado.
Fonte: Gazeta