O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (25) que o ataque americano a três instalações-chave do programa nuclear do Irã não permitirá o enriquecimento de urânio num futuro próximo, contrariando o que diz um relatório preliminar confidencial do governo americano, cujas conclusões apontam que os bombardeios apenas atrasaram as atividades por alguns meses.
Questionado sobre o assunto durante viagem a Haia, na Holanda, onde participa da cúpula da Otan, o presidente americano classificou o documento como “muito inconclusivo” e insistiu novamente que o programa nuclear do Irã havia sido submetido à “obliteração”.
“Eles [iranianos] querem se recuperar. E não vamos permitir isso. Primeiro, militarmente, não vamos permitir. Acho que eventualmente teremos algum tipo de relação com o Irã. Eu vejo dessa forma. Veja, eu tive uma relação nos últimos quatro dias, eles concordaram com o cessar-fogo, foi um acordo muito equilibrado”, declarou Trump.
O presidente americano também voltou a rejeitar as conclusões do órgão de fiscalização nuclear da ONU de que o Irã conseguiu retirar urânio enriquecido das instalações antes dos ataques dos EUA. Ele acrescentou que o cessar-fogo entre Israel e Irã está “indo muito bem”.
Ainda nesta quarta-feira, o Parlamento do Irã aprovou oficialmente a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à ONU, após uma votação por maioria esmagadora.
Na sessão pública, durante a análise do plano que solicita ao governo a suspensão da cooperação com a agência nuclear da ONU, os parlamentares aprovaram o documento por 221 votos a favor, nenhum voto contra e uma abstenção.
“O Irã se reserva todas as opções para defender sua soberania, seus interesses e seu povo, e a Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI) declarou que o ataque violou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e não impedirá o Irã de desenvolver seu programa nuclear pacífico”, diz um trecho do documento aprovado pelo Legislativo iraniano.
Após a aprovação parlamentar, restam várias etapas para que a medida entre em vigor, como a aprovação pelo Conselho da Guarda Revolucionária e a assinatura do presidente do país.
O Irã aderiu ao TNP em 1970 e tem afirmado repetidamente que seu programa nuclear é pacífico, apesar de armazenar mais de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, um nível próximo ao de uso militar (90%).
Na terça-feira, a Agência de Energia Atômica do Irã divulgou uma declaração anunciando que o país está pronto para retomar o enriquecimento de urânio como parte de seu programa nuclear. “O programa nuclear do Irã será retomado sem interrupção e estamos prontos para reiniciar o enriquecimento – nosso programa não vai parar”, informou a agência, de acordo com a imprensa iraniana.
Fonte: Gazeta