A liderança da oposição na Câmara protocolou nesta terça-feira (24) uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), para que ela seja investigada por improbidade administrativa.
Na petição, o líder Zucco (PL-RS) alega que “Érika Hilton nomeou e manteve em cargos públicos comissionados dois indivíduos que, em vez de cumprirem as funções parlamentares exigidas, atuavam principalmente como seus maquiadores pessoais”. A deputada nega as acusações e diz que é uma “invenção“.
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A contratação dos assessores – para maquiagem – veio à tona após uma reportagem do Metrópoles revelar o trabalho dos maquiadores particulares da deputada. No Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, consta que um dos assessores contratados para maquiagem, desde de 6 de maio de 2024, recebe um salário de R$ 9.678,22 reais, enquanto que outro recebe R$ 2,1 mil.
Ao pedir a investigação contra a parlamentar, a oposição reforça o uso de recursos públicos para fins privados, citando postagens em redes sociais e eventos como prova de que os salários pagos eram para serviços de maquiagem e não para apoio legislativo.
“Constata-se que a conduta da deputada Erika Hilton, ao nomear e manter em seu gabinete dois indivíduos cuja atuação se limita, de forma reiterada e pública, à prestação de serviços pessoais de natureza estética e promocional, desvirtua por completo o sentido constitucional e legal dos cargos comissionados de secretário parlamentar”, diz trecho da petição.
Segundo a representação, tal conduta viola os “princípios constitucionais da administração pública, como a legalidade e a moralidade, além de configurar atos de improbidade administrativa conforme a legislação específica, requerendo a instauração de um processo investigatório e a responsabilização dos envolvidos”.
Como autor da representação, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) destacou nas redes sociais que pediu a cassação e a responsabilidade da deputada por improbidade administrativa. “Lembra que a Erika Hilton mandou 1.5 milhão de reais de emenda pra ONG dela? Pois é… esses R$ 22.500,00 mensais pro “assessor cabeleireiro” é pouca coisa. Já pedi a cassação e a responsabilização por improbidade, mas no Brasil só a direita tem que explicar em 24 horas”, disse.
O deputado Kim Kataguiri (União-SP) também acionou o MPF contra Érika Hilton por considerar que as funções desempenhadas pelos dois assessores não tem relação com cargos de secretário parlamentar — que incluem apoio legislativo, elaboração de projetos de lei, agendamento de reuniões e comunicação institucional.
“Erika Hilton contratou seus dois maquiadores pessoais como assessores em seu gabinete. É impressionante: mudam os personagens, mas a história se repete. O discurso é de defesa dos mais pobres, mas, na prática, não se pensa duas vezes antes de meter a mão no seu bolso para satisfazer os caprichos mais imbecis”, declarou Kataguiri no X.
Representação no Conselho de Ética
Além de acionar o MPF, parlamentares da oposição também ingressaram com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra Erika Hilton por quebra de decoro parlamentar.
“O Congresso não pode se omitir diante do uso da máquina pública para fins particulares. Todo agente político deve responder com transparência e rigor diante de denúncias como esta. A população brasileira exige respeito com o dinheiro público e a devida responsabilização de quem o utiliza de forma indevida”, disse Zucco.
Autor de uma das representações no Conselho de Ética, o deputado Guto Zacarias (PL-SP) criticou o fato da deputada contratar dois maquiadores pessoais como assessores parlamentares em seu gabinete.
“Nomear maquiadores para cargos pagos com dinheiro público, com a finalidade de atender a demandas pessoais, é uma afronta à moralidade administrativa e ao bom uso dos recursos do contribuinte”, afirmou o deputado.
Deputada nega uso de verba com maquiadores
Em nota, divulgada nas redes sociais, a deputada Erika Hilton negou a contratação de maquiadores com “verba de gabinete” e disse que “isso é uma invenção”.
“O que eu tenho são dois secretários parlamentares que, todos os dias, estão comigo e me assessoram em comissões e audiências, ajudam a fazer relatórios, preparam meus briefings, dialogam diretamente com a população e prestam um serviço incrível me acompanhando nas minhas agendas em São Paulo, em Brasília, nos interiores e no exterior”, explicou a deputada.
Erika anda ressaltou que está “tudo completamente comprovado por fotos, vídeos e pelo próprio trabalho cotidiano deles”. Ela também destacou que conheceu os dois assessores como maquiadores, mas disse que identificou outros talentos e por isso os chamou para trabalhar em seu gabinete. “Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares”, acrescentou
Para a deputada, “a velocidade com que espalharam essa mentira é desumana” e atribuiu os fatos a uma “perseguição” e a uma “revanche”, especialmente por ela ser autora da PEC pelo fim da escala 6×1
“Um tweet, que virou uma matéria de título tendencioso, que virou trending topic, que virou uma onda de tweets e postagens da parlamentares da extrema-direita e daquelas figurinhas de sempre. Isso não são sintomas de uma reação por uma contratação vista como suspeita num gabinete. Isso temos dia sim, dia não, na política. E nunca acontece dessa forma. Isso são sintomas de uma perseguição, de uma tentativa de desmonte generalizado de tudo que alguém faz e já fez”, criticou Érika.
Fonte: Gazeta