O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, afirmou nesta segunda-feira (9), em discurso em Londres, que os países membros da aliança precisam aumentar em até 400% sua capacidade de defesa antiaérea e antimísseis. A cobrança ocorre em meio a ameaças da Rússia e antecede a cúpula da Otan marcada ocorrer no final deste mês, em Haia, na Holanda.
De acordo com Rutte, é necessário um “salto qualitativo” nas defesas do bloco diante do risco de ataques russos, como demonstrado no conflito em andamento na Ucrânia.
“Vemos na Ucrânia como a Rússia semeia o terror a partir do ar, por isso fortaleceremos o escudo que protege nossos céus”, declarou Rutte, segundo trechos oficiais de seu discurso divulgados à imprensa. O secretário-geral enfatizou que, para manter a dissuasão e uma defesa credível, “a Otan precisa de um aumento de 400% na defesa aérea e antimísseis”.
Além de reforçar as defesas aéreas, o líder da Otan defendeu um aumento significativo nos gastos militares dos países aliados. A proposta apresentada por Rutte prevê que os membros comprometam 5% de seus Produtos Internos Brutos (PIB) com defesa, sendo 3,5% dedicados ao orçamento militar direto e 1,5% a outras áreas relacionadas à segurança.
“O fato é que precisamos de um salto qualitativo em nossa defesa coletiva. O fato é que devemos ter mais forças e capacidades para implementar totalmente nossos planos de defesa. O fato é que o perigo não vai desaparecer, mesmo quando a guerra na Ucrânia terminar”, ressaltou.
Rutte alertou ainda para o risco de a Rússia buscar manter um exército numeroso e experiente, capaz de ameaçar o flanco leste da Otan em menos de cinco anos. Segundo ele, “há a necessidade de um rearmamento significativo para deter uma Rússia cada, que está cada vez mais militarizada”, incluindo milhares de tanques e milhões de munições para repor estoques dos países membros.
O posicionamento do secretário-geral da Otan ocorre em meio à pressão dos Estados Unidos, especialmente do presidente Donald Trump, para que os países europeus assumam maior responsabilidade por sua defesa. Segundo o jornal britânico The Guardian, Rutte declarou esperar que os líderes aliados aprovem a meta de 5% do PIB para defesa durante a próxima cúpula da aliança.
Em resposta às declarações, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou a Otan, classificando-a como um “instrumento de agressão e confronto”. Peskov afirmou que o Ocidente estaria exagerando a ameaça russa para justificar o aumento dos gastos militares, o que, segundo ele, resultaria em custos adicionais aos contribuintes europeus.
A ampliação dos investimentos em defesa vem sendo debatida em vários países do bloco. O Reino Unido, por exemplo, já prometeu elevar os gastos militares dos atuais 2,33% para 2,5% do PIB até 2027 e, posteriormente, para 3%. A Alemanha, por sua vez, reconheceu a necessidade de expandir o efetivo militar e atender às novas exigências da Otan.
Fonte: Gazeta