O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou o silêncio sobre o recente pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para incluir o nome da deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP) na difusão vermelha da Interpol. O petista visitou a sede da autoridade em Lyon, na França, na manha desta segunda (9).
Apesar do pedido, a consulta pública da Interpol ainda não exibe a ficha da parlamentar. Ela é considerada foragida pela Justiça brasileira por ter saído do país dias após ser condenada a 10 anos e 8 meses de prisão pela suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A visita de Lula à Interpol foi a última agenda de Lula na viagem que faz à França desde a semana passada. O presidente cumprimentou o delegado brasileiro Valdecy Urquiza por ter sido eleito chefe do órgão e assinou uma declaração de intenções com a autoridade.
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No discurso, Lula elogiou Urquiza e citou o desafio que as polícias do mundo têm atualmente no combate ao crime organizado que, diz, toma conta de setores da sociedade como a política e as empresas privadas.
“O crime organizado você não enfrenta uma simples quadrilha, um simples grupo. São verdadeiras empresas multinacionais que estão envolvidas dentro das empresas, na política, no Judiciário, no futebol, em toda parte da cultura. É como se fosse um polvo de muitos tentáculos tentando tomar conta de tudo o que há de errado no mundo”, disse em discurso.
Ainda segundo Lula, o crime organizado se utiliza hoje da tecnologia digital para realizar crimes e se espalhar globalmente. “Uma das consequências perversas da globalização é a articulação de grupos criminosos para além das fronteiras nacionais. A criminalidade está evoluindo a uma velocidade sem precedentes, exigindo ações multilaterais urgentes e coordenadas”, emendou.
Lula citou que esta é a primeira visita de um presidente brasileiro à Interpol e que é “honroso” fazê-lo tendo um delegado brasileiro como secretário-geral da organização que, diz, tem mais países-membros do que a própria Organização das Nações Unidas (ONU). São 196 nações signatárias da autoridade.
Antes de Lula, Urquiza afirmou que os 19 bancos de dados da Interpol já foram consultados 8 bilhões de vezes por forças policiais estrangeiras referentes aos mais diferentes crimes. No entanto, evitou especificar quais modalidades. Ele foi condecorado por Lula com a Ordem de Rio Branco, voltada a personalidades responsáveis por serviços meritórios e virtudes cívicas dignas de honra.
Entre as intenções assinadas entre o Brasil e a Interpol, estão a cooperação para enfrentamento ao crime organizado, desarticular organizações transnacionais e sua rede de apoio, apoiar a modernização tecnológica institucional dos órgãos de segurança pública no Brasil e na América Latina, promover a proteção de grupos vulneráveis e os direitos humanos na atuação policial.
Lula também citou que a adidância da Polícia Federal no exterior foi ampliada para 34 postos nos cinco continentes, além de estar presente em todos os países da América do Sul.
Fonte: Gazeta