A Rússia, por meio do ditador Vladimir Putin, voltou a questionar nesta sexta-feira (5) a legitimidade do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para negociar um acordo de paz.
Durante discurso no Fórum Econômico Oriental, em Vladivostok, Putin disse não ver “muito sentido” em uma reunião direta com o líder ucraniano.
“[…] Chegar a um acordo com a parte ucraniana é praticamente impossível em questões importantes. Mesmo que haja vontade política, do que duvido, existem dificuldades jurídico-técnicas”, afirmou.
Putin reiterou que considera vencido o mandato de Zelensky desde maio de 2024, quando Moscou passou a sustentar que a Constituição ucraniana não permitiria prorrogação, mesmo em tempos de guerra, o que não condiz com a realidade, uma vez que a Carta Magna ucraniana proíbe eleições em tempos de guerra e permite a prorrogação de mandato.
A posição reiterada por Putin já havia sido tomada pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, que declarou em agosto que a questão da legitimidade de Zelensky “precisaria ser resolvida” antes de qualquer eventual assinatura de acordo.
Apesar de manifestar tal desconfiança, Putin afirmou novamente que está aberto a receber Zelensky, mas em Moscou, e garantiu “condições de segurança” para um possível encontro em solo russo.
“A parte ucraniana quer e propõe este encontro. Eu já disse: ‘Estou disposto, por favor, venham, nós garantimos total e plenamente as condições de trabalho e segurança. A garantia é de 100%’”, declarou.
O líder russo classificou como “injustificada” a proposta de Kiev para que a reunião ocorra em um país neutro, sugerindo o Vaticano, Turquia, Suíça ou nações do Golfo Pérsico. A alternativa de um encontro fora da Rússia conta com o apoio dos Estados Unidos, cujo presidente Donald Trump já declarou ser favorável às negociações.
Zelensky afirmou nesta semana em Paris que o convite para ir a Moscou seria, na verdade, um sinal de que Putin “não quer, de forma alguma, se encontrar” com ele. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Sybiha, classificou a proposta como “inaceitável”.
Putin também voltou a rejeitar qualquer possibilidade de presença de tropas estrangeiras em território ucraniano, seja durante a guerra ou em eventual cenário de paz.
“Essa é uma das causas originais do conflito, a aproximação da Ucrânia com a Otan. Por isso, se tropas aparecerem lá, especialmente agora, durante as ações militares, serão alvos legítimos”, advertiu.
Fonte: Gazeta