O ditador da Venezuela, Nicolas Maduro, alertou nesta segunda-feira (1º) para a possibilidade de declarar seu país “em armas” caso enfrente uma agressão estrangeira, em meio a tensões com os Estados Unidos, que mobilizaram navios no Mar do Caribe.
“Se a Venezuela fosse atacada, entraríamos imediatamente em um período de luta armada, em defesa do território nacional e da história e do povo da Venezuela, e declararíamos constitucionalmente a república em armas”, disse Maduro, em entrevista coletiva com a imprensa internacional.
De acordo com o ditador, o país sul-americano tem uma estratégia “eminentemente defensiva” que vem sendo projetada “há 20 anos” e que inclui “duas formas de luta”, uma diplomática e outra envolvendo o uso de armas.
“Estamos em um período especial de preparação e, em qualquer circunstância, vamos garantir o funcionamento do país”, acrescentou o líder chavista.
Maduro alegou que os EUA mobilizaram oito navios militares com 1,2 mil mísseis e um submarino nuclear que “têm como alvo” seu país, o que ele descreveu como uma “ameaça extravagante, injustificável, imoral e absolutamente criminosa”.
A Casa Branca informou que a operação tem o objetivo de evitar a chegada de drogas aos Estados Unidos.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil Pinto, disse, durante reunião virtual de emergência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que a alegação dos Estados Unidos de combater o tráfico de drogas na região é uma “desculpa” e chamou de “história totalmente falsa” o relato sobre “um suposto cartel que eles chamaram de Cartel de los Soles”.
Na coletiva, Maduro disse considerar a situação atual “comparável” à crise de 1962, quando a antiga União Soviética tentou instalar mísseis nucleares de médio alcance em Cuba, o que provocou uma crise com os EUA que colocou as duas superpotências à beira de um conflito atômico.
Na quarta-feira passada (27), Maduro havia acusado os Estados Unidos de violarem o Tratado de Tlatelolco de 1967, que declarou América Latina e Caribe como zonas livres de armas nucleares, devido ao envio do submarino nuclear para águas próximas à Venezuela.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em agosto que os Estados Unidos estão preparados para “usar todo o poder americano” para levar à Justiça “os responsáveis” por traficar drogas para o país, em recado direto ao ditador venezuelano.
No dia 7, o governo dos Estados Unidos dobrou o valor que oferece por informações que levem à prisão e condenação de Maduro, elevando a recompensa para US$ 50 milhões.
Na ocasião, a procuradora-geral da gestão Trump, Pam Bondi, disse que Maduro tem ligações com as gangues venezuelanas Tren de Aragua, Cartel de Los Soles (do qual seria líder, segundo os EUA) e o mexicano Cartel de Sinaloa e que o ditador da Venezuela é “um dos maiores traficantes de drogas do mundo”.
Fonte: Gazeta