O menor de idade que assassinou o senador colombiano e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay foi condenado nesta quarta-feira (27) a sete anos de privação de liberdade pelos crimes de tentativa de homicídio e fabricação, tráfico, porte ou posse de armas de fogo.
Segundo informações do jornal El Tiempo, o adolescente foi condenado por essas acusações porque as admitiu na audiência de acusação, quando o senador ainda estava vivo (por isso, tentativa de homicídio e não homicídio), e por lei elas não poderiam ser alteradas.
O Ministério Público informou, em comunicado, que “o menor terá que passar sete anos privado de liberdade em um centro de cuidados especializados”.
O assassino, de acordo com as autoridades, é um adolescente de 15 anos cujo nome não está sendo divulgado devido à sua condição de menor de idade e que foi detido em flagrante delito em 7 de junho em Bogotá, minutos após o ataque ao senador do partido conservador Centro Democrático.
A sentença, emitida apenas 80 dias após o ataque a tiros no qual Uribe Turbay sofreu ferimentos graves na cabeça que causaram sua morte em 11 de agosto, deve-se ao fato de seu julgamento ter sido realizado sob o Sistema de Responsabilidade Criminal para Adolescentes, que na Colômbia julga jovens entre 14 e 18 anos de idade, com sentenças de até oito anos em centros especializados.
O advogado Victor Mosquera, que representa a família de Uribe Turbay, disse que, “de acordo com a Lei da Infância e Adolescência, uma das penas mais altas foi imposta ao menor” que cometeu o crime.
“Respeitamos a decisão, mas essa sanção nunca equivale à vida que ele tirou ou à dor que causou. Essa lei incentiva o crime usando menores sem punição real e efetiva”, disse Mosquera no X.
Participação do menor no crime
O Ministério Público declarou que, depois de ser convencido a realizar o ataque, o menor foi levado ao bairro de Modelia, onde Uribe Turbay realizava um comício, em um carro dirigido por Carlos Eduardo Mora González, um dos seis capturados por esse crime.
O jovem “recebeu uma pistola Glock 9 milímetros de Elder José Arteaga Hernández”, que também foi detido e é acusado de coordenar o ataque.
“Posteriormente, ele desceu do veículo, caminhou até o parque El Golfito, onde a vítima estava participando de um comício político, e atirou nela. Enquanto fugia pelas ruas do setor, o adolescente foi interceptado por membros da segurança do pré-candidato, e colocado à disposição das autoridades para a persecução penal”, acrescentou o Ministério Público.
A sanção emitida pelo juiz do Sistema de Responsabilidade Penal para Adolescentes é de primeira instância e “cabem os recursos previstos em lei”.
Avanços da investigação
Em 11 de agosto, a procuradora-geral da Colômbia, Luz Adriana Camargo, declarou que o crime foi classificado como um magnicídio, ou seja, o assassinato de uma pessoa por causa de sua relevância política ou social.
“O autor material e aqueles que participaram da preparação e do planejamento do assassinato já foram levados à Justiça”, declarou Camargo, que enfatizou que a busca pelos autores intelectuais continua “sem descartar nenhuma hipótese”, em alusão às suspeitas relatadas pela polícia de que a Segunda Marquetalia, um grupo dissidente das antigas Farc, esteja por trás do ataque.
Faltando menos de um ano para as eleições presidenciais de 2026, o crime de Uribe Turbay reacendeu os temores de que o país poderia repetir a violência política da campanha de 1990, quando três candidatos presidenciais foram assassinados: Luis Carlos Galán, Bernardo Jaramillo Ossa e Carlos Pizarro.
O governo já realizou três reuniões extraordinárias de segurança para investigar e avaliar as conclusões das autoridades.
Fonte: Gazeta