Quando chegou à presidência da Colômbia, em 2022, o esquerdista Gustavo Petro lançou um plano chamado de “Paz Total”, por meio do qual pretendia assinar acordos de cessar-fogo com guerrilhas (como o firmado em 2016 entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Farc).
Porém, três anos depois, a realidade está comprovando o fracasso dessa iniciativa. No último dia 11, o senador Miguel Uribe, pré-candidato do partido conservador Centro Democrático para a eleição presidencial de 2026, morreu dois meses após ter sido alvo de um atentado a tiros em Bogotá.
Os investigadores apuram o envolvimento da Segunda Marquetalia, uma dissidência das Farc, no crime.
Na quinta-feira (21), a violência aumentou, com ao menos 20 pessoas morrendo em outros dois atentados.
Nesta sexta-feira (22), o prefeito de Cali, Alejandro Éder, informou que o número de mortos no atentado terrorista com um caminhão-bomba nas proximidades de uma base aérea na cidade subiu para sete. O ataque também deixou mais de 70 feridos.
O caminhão-bomba explodiu na tarde de quinta-feira em uma avenida movimentada de Cali, a Carrera Octava. O local fica próximo à Escola Militar de Aviação Marco Fidel Suárez, onde são treinados membros da Força Aérea, mas todas as vítimas eram civis, incluindo um menor, segundo o prefeito.
Outro caminhão, também carregado com bombas, não chegou a ser detonado e ficou no meio da avenida.
“Peço à Colômbia que mantenha as vítimas deste ataque terrorista em suas orações e a Colômbia também. Não pensem que isso é lá [longe] em Cali, isso é no país [todo], está se deteriorando [a segurança] no país”, disse Éder.
“Por isso, com uma só voz, os colombianos unidos temos que exigir um fim e enfrentar esse terrorismo e, acima de tudo, exigir apoio às forças públicas para que possam restabelecer a paz na Colômbia”, acrescentou.
Petro confirmou a prisão de dois suspeitos de cometer o atentado. “O ataque foi realizado por apenas duas pessoas, sem armas, mas cheias de explosivos, que saíram correndo assim que um dos caminhões foi acionado (…) A própria população capturou os suspeitos”, disse o presidente, após liderar um conselho de segurança em Cali que terminou à meia-noite.
As autoridades estão investigando o envolvimento do Estado Maior Central (EMC), outra dissidência das Farc. Petro disse que o ataque em Cali é uma reação aos recentes golpes das autoridades contra o EMC no Canhão de Micay, uma região montanhosa do vizinho departamento de Cauca.
“Estamos enfrentando uma máfia internacional com grupos armados aqui, não é um confronto político”, afirmou o presidente.
Além do atentado em Cali, a Colômbia foi abalada ontem por outro ataque em uma zona rural de Amalfi, no departamento de Antioquia, onde 13 policiais morreram e quatro ficaram feridos quando o helicóptero em que viajavam para uma operação de erradicação de cultivos ilícitos foi atingido. Petro escreveu no X que este ataque foi atribuído à chamada Frente 36 do EMC.
A oposição diz que as políticas de segurança fracassadas de Petro estão colaborando para o aumento da violência.
“Os ataques terroristas em Cali e Amalfi refletem o que toda a Colômbia está vivenciando. A chamada ‘Paz Total’ nada mais é do que a rendição do país às organizações criminosas. Esses atos terroristas e covardes contra a população civil e nossas forças de segurança nos doem profundamente, mas também exigem uma resposta firme e unânime”, escreveu no X o prefeito de Medellín, Fico Gutiérrez, que foi derrotado por Petro na eleição presidencial de 2022.
Fonte: Gazeta