O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou nesta sexta (22) os ataques aos países mais desenvolvidos do mundo ao afirmar que usam o pretexto de combate ao crime organizado para violar a soberania de outras nações – principalmente aquelas em desenvolvimento. A nova crítica ocorre em um momento de tensão entre o Brasil e os Estados Unidos, em que vê as negociações com o país norte-americano estagnadas para tentar resolver o tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump.
Além do tarifaço, o governo também se vê em meio às críticas e pressão por causa da condução do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), em que avalia como um ataque à soberania nacional.
“Há muito tempo que os países ricos nos acusam de não cuidar da floresta. Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem. Utilizam a luta contra o desmatamento como justificativa para o protecionismo. Usam o combate ao crime organizado como pretexto para violar nossa soberania”, disse Lula no discurso durante a V Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), realizado em Bogotá, na Colômbia.
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Embora não tenha citado diretamente os Estados Unidos e nem Trump, Lula citou o combate ao crime organizado em referência à mais recente investida do governo norte-americano de enviar navios de guerra à costa da Venezuela para combater o tráfico internacional de drogas e os cartéis latino-americanos. O petista é apoiador do ditador Nicolás Maduro, que convocou 4,5 milhões de milicianos para defender o país da ofensiva.
Lula também tem criticado fortemente os países mais ricos por questões ambientais, principalmente para que financiem a proteção de florestas e ajudem os países menos desenvolvidos a combaterem as mudanças climáticas em vez de apenas cobrar medidas de proteção. Este, inclusive, será um dos tópicos centrais das discussões da COP 30 que será realizada em Belém, em novembro.
“Será a hora de os líderes mundiais mostrarem se estão realmente comprometidos com o futuro do planeta. Não existe saída individual para a crise climática. Não há outro meio de superá-la além do multilateralismo. Muito já foi negociado, mas pouco foi cumprido”, completou.
A questão ambiental é um dos pontos que vem travando o avanço da conclusão do acordo entre o Mercosul – que ele vem tentando desenrolar desde o início de seu governo – e a União Europeia por restrições principalmente da França, que utiliza a proteção ao meio ambiente como pretexto para proteger o seu agronegócio.
Na última quarta (20), Lula ligou para o presidente francês Emmanuel Macron para reclamar do tarifaço imposto por Trump e continuar tentando convencê-lo a ratificar o acordo. O líder europeu afirmou que está pronto para assinar a parceria “desde que protegesse os interesses da nossa agricultura francesa e europeia e servisse às nossas respectivas economias”.
Fonte: Gazeta