O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou, nesta sexta-feira (22), o que classificou como uma “tentativa externa de impor um Estado terrorista jihadista no coração de Israel” — em alusão ao pedido de 21 países e da União Europeia (UE) para a retirada do plano de novos assentamentos na Cisjordânia.
Cerca de 20 países e a Alta Representante da UE propuseram ontem a retirada “urgente” do projeto para a construção de novos assentamentos que dividirão a Cisjordânia. A ideia é classificada por ministros israelenses como uma forma de destruir a ideia de um Estado palestino.
O comunicado israelense divulgado hoje classifica como “inaceitável” que governos estrangeiros falem “em nome do bem comum”. “O direito histórico dos judeus de viver em qualquer lugar da Terra de Israel, berço do povo judeu, é indiscutível”, diz o texto diplomático.
Com a aprovação desta construção, Israel busca ligar o assentamento de Ma’ale Adumim – fundado a leste de Jerusalém há cerca de 30 anos, onde vivem cerca de 40 mil israelenses – com Jerusalém, dividindo “de fato” a Cisjordânia e tornando ainda mais difícil a viabilidade de um eventual futuro Estado palestino.
Os planos para esses assentamentos estavam congelados por duas décadas devido à forte oposição bipartidária americana e internacional.
Ministro defende ideia para frear estado palestino
Na última quarta-feira, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, celebrou a aprovação das novas construções de residências no assentamento de Ma’ale Adumim, afirmando que o “plano enterrará a ideia de um Estado palestino”.
O ministro havia afirmado ainda que o premiê Benjamin Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordaram com a retomada do chamado empreendimento E1.
“Da perspectiva palestina e da comunidade internacional, esta é uma área crítica. Sem ela, o estabelecimento de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital é simplesmente impossível”, afirmou Smotrich.
“A aprovação da construção na área do E1 mina a ideia de um Estado palestino e faz parte das medidas mais amplas que estamos tomando como parte do nosso plano de soberania de fato, que começou com a formação deste governo. Após décadas de pressão internacional e suspensão de projetos, estamos desafiando as convenções e consolidando a conexão entre Ma’ale Adumim e Jerusalém”, acrescentou Smotrich.
O grupo terrorista Hamas criticou o plano anunciado pelo ministro das Finanças. “Este plano criminoso revela a verdadeira face do governo sionista como um governo colonial e ocupante extremista que só entende a linguagem do assassinato, do genocídio, do deslocamento e do confisco de terras”, disse o grupo em um comunicado, segundo informações da agência EFE.
No final de maio, Smotrich havia anunciado que o governo israelense aprovou 22 novos assentamentos judaicos na Cisjordânia, o que, segundo a ONG Peace Now, será a maior expansão desde os Acordos de Oslo de 1993, que iniciaram negociações para o estabelecimento de dois Estados, hoje abandonadas.
Em junho, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Noruega anunciaram sanções contra Smotrich e Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel, que foram proibidos de entrar nesses países e tiveram bens bloqueados, sob a alegação de que ambos incitam a violência contra palestinos na Cisjordânia.
Na ocasião, Smotrich disse que o Reino Unido “já tentou uma vez nos impedir de colonizar o berço da nossa pátria, e não podemos deixar isso acontecer novamente” – em referência ao período entre as décadas de 1930 e 40 em que a migração judaica para a região foi restringida pelo Mandato Britânico da Palestina.
Fonte: Gazeta