Os Estados Unidos modificaram algumas regras no processo do visto americano ao longo dos últimos meses, com novas exigências e um aumento do custo para a emissão do documento, o que deve impactar significativamente viajantes, incluindo brasileiros, que desejam ter acesso ao país.
No mês passado – poucos dias após revogar os vistos do ministro brasileiro Alexandre de Moraes, seus familiares e aliados no STF – o governo Trump fez um aceno na direção oposta ao país de seu aliado Javier Milei, assinando um acordo que visa isentar os argentinos da obrigatoriedade do documento. Os anúncios recentes indicam como o republicano deve usar o “portal” de entrada para os Estados Unidos como uma estratégia de negociação – e de punição.
Pelo acordo, Washington estabeleceu critérios para os argentinos se alinharem à política americana, principalmente em relação à segurança nacional. Se cumpridos todos os requisitos, o processo de isenção de vistos para a valer para a Argentina.
Em contrapartida, o governo Trump também tem usado o documento de entrada no país como uma arma de punição para quem considera que viola seus valores de liberdade. É o caso de Alexandre de Moraes, de seus aliados e familiares, além de servidores federais brasileiros do governo Dilma ligados ao programa Mais Médicos, incluindo a esposa e a filha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que tiveram seus vistos americanos cancelados nas últimas semanas.
Recentemente, o Departamento de Estado americano anunciou restrições de entrada no país para membros e funcionários da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
A Casa Branca justificou a medida se baseando no descumprimento de compromissos diplomáticos e contínuo apoio ao terrorismo.
Antes dos funcionários de Cuba ligados ao Mais Médicos, que definiu como “programa exploratório de exportação de mão de obra cubana”, o governo Trump já havia revogado o visto do ditador cubano, Miguel Diáz-Canel, e de aliados do regime como o ministro da Defesa, Álvaro López Miera, ao ministro do Interior, Lázaro Alberto Álvarez Casas, e suas famílias.
No início do mês, os EUA também anunciaram uma nova regra para entrada no país: um caução que pode chegar a US$ 15 mil (cerca de R$ 82 mil), destinado a países com altas taxas de imigração ilegal. Inicialmente, a lista inclui apenas dois países da África. Contudo, o Departamento de Estado alertou que pode aumentar a lista no decorrer dos meses.
Outro anúncio recente sobre o tema foi que o governo avaliará fatores como caráter moral, atividades antiamericanas, terroristas ou antissemitas no processo de concessão de vistos. Esses pontos considerados negativos podem resultar na recusa do pedido.
“Trump Card” busca atrair milionários para os EUA
Em junho, Trump oficializou um programa que concede visto para residência permanente de estrangeiros, medida apelidada de “Trump Card” ou “Gold Card”. O documento terá um custo de US$ 5 milhões.
O programa é visto como uma forma de impulsionar a economia americana ao atrair investidores estrangeiros de alta renda para o país.
Trump disse na publicação que a expectativa de venda do documento é de que ultrapasse um milhão de unidades. “Pessoas ricas virão para este país comprando o cartão. Serão bem-sucedidas, gastarão muito dinheiro, pagarão muitos impostos e empregarão muita gente”, declarou o presidente.
Revisão de vistos
Em outra medida sobre o assunto, o governo Trump informou nesta quinta-feira (21) que está revisando os vistos americanos válidos de mais de 55 milhões de pessoas que possuem atualmente esse documento.
Nessa revisão, os estrangeiros que apresentarem qualquer violação das regras para permissão de entrada ou permanência nos Estados Unidos terão seus vistos revogados.
Pessoas nesta situação que estiverem nos Estados Unidos estarão sujeitas à deportação, informou o Departamento de Estado à agência Associated Press.
Também nesta quinta-feira, o secretário de Estado, Marco Rubio, informou no X que o governo Trump suspendeu imediatamente a emissão de vistos de trabalho para motoristas de caminhão comercial.
“O número crescente de motoristas estrangeiros operando grandes caminhões com reboque nas estradas dos EUA está colocando vidas americanas em risco e minando os meios de subsistência dos caminhoneiros americanos”, justificou Rubio.
Fonte: Gazeta