O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou a vantagem sobre os demais possíveis candidatos às eleições de 2026 e venceria a disputa à presidência da República em segundo turno, de acordo com a nova pesquisa da Quaest de intenção de votos divulgada nesta quinta (21).
O levantamento aponta um descolamento da margem de erro positivo para o petista na disputa, na comparação com a pesquisa de julho, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que segue inelegível, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de São Paulo. Em todos os cenários pesquisados nesta rodada da Quaest, tanto espontâneos como estimulados, Lula supera os demais candidatos.
Para o pesquisador Felipe Nunes, CEO da Quaest, o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, aos produtos brasileiros com forte viés político para Bolsonaro desgastou a imagem do ex-presidente e de aliados da oposição.
A Quaest ouviu 12.150 pessoas entre os dias 13 e 17 de agosto em 519 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
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Pesquisa espontânea
Em um cenário espontâneo de primeiro turno, Lula ampliou a vantagem sobre Bolsonaro na comparação com a pesquisa realizada em julho, enquanto que o ex-presidente perdeu posições. Enquanto ambos estavam tecnicamente empatados na margem de erro no levantamento anterior, agora já há um descolamento com vantagem para o petista:
- Lula (PT): 16%, ante 15% em julho;
- Jair Bolsonaro (PL): 9%, ante 11%;
- Ciro Gomes (PDT): 1% nas duas pesquisas;
- Michelle Bolsonaro (PL): 1% nas duas pesquisas;
- Tarcísio de Freitas (Republicanos): 1% nas duas pesquisas;
- Ratinho Jr. (PSD): 1%;
- Outros: 1%;
- Branco/nulo/não vai votar: 4%;
- Indecisos: 66%.
Pesquisa estimulada
Lula x Bolsonaro
Já em um cenário estimulado, quando é apresentada uma lista de candidatos ao entrevistado, Lula e Bolsonaro avançam na mesma medida no 1º turno:
- Lula (PT): 34%, ante 32% em julho;
- Jair Bolsonaro (PL): 28%, ante 26%;
- Ciro Gomes (PDT): 8% nas duas pesquisas;
- Ratinho Jr. (PSD): 7%, ante 6%;
- Ronaldo Caiado (União): 3% nas duas pesquisas;
- Romeu Zema (Novo): 3%, ante 2%;
- Indecisos: 4%;
- Branco/nulo/não vai votar: 13%.
No entanto, a disputa de 2º turno é ampliada para o ex-presidente ainda inelegível na Justiça:
- Lula (PT): 47%, ante 43% em julho;
- Jair Bolsonaro (PL): 35%, ante 37%;
- Branco/nulo/não vai votar: 15%;
- Indecisos: 3%.
“Lula abriu uma vantagem ainda maior entre julho e agosto: dobrou, passou de 6 para 12 pontos [em relação a Bolsonaro]. Esse resultado reforça o mal desempenho de Bolsonaro diante do tarifaço”, explica Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Lula x Michelle Bolsonaro
Em uma disputa de Lula com a ex-primeira-dama, ambos se fortaleceram nesta nova pesquisa, mas o petista segue à frente na disputa:
- Lula (PT): 35%, ante 30% em julho;
- Michelle Bolsonaro (PL): 21%, ante 19%;
- Ciro Gomes (PDT): 9%, ante 10%;
- Ratinho Jr. (PSD): 8%, ante 7%;
- Ronaldo Caiado (União): 4%, ante 5%;
- Romeu Zema (Novo): 4% nas duas pesquisas;
- Indecisos: 5%;
- Branco/nulo/não vai votar: 14%.
Mas, é no 2º turno que Lula se consolida em uma eventual disputa com Michelle:
- Lula (PT): 47%, ante 43% em julho;
- Michelle Bolsonaro (PL): 34%, ante 36%;
- Branco/nulo/não vai votar: 16%;
- Indecisos: 3%.
Lula x Tarcísio de Freitas
Em um cenário estimulado de primeiro turno, Lula avança na disputa com Tarcísio, que também ganha alguns pontos como possível herdeiro do capital político do ex-presidente:
- Lula (PT): 35%, ante 32% em julho;
- Tarcísio de Freitas (Republicanos): 17%, ante 15%;
- Ciro Gomes (PDT): 11%, ante 12%;
- Ronaldo Caiado (União): 6%, ante 5%;
- Romeu Zema (Novo): 4% nas duas pesquisas;
- Indecisos: 6%;
- Branco/nulo/não vai votar: 21%.
A vantagem de Lula sobre Tarcísio também aumenta e se consolida no segundo turno:
- Lula (PT): 43%, ante 41% em julho;
- Tarcísio de Freitas (Republicanos): 35%, ante 37%;
- Branco/nulo/não vai votar: 18%;
- Indecisos: 4%.
“Pela primeira vez, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, passa a ser o nome mais forte da oposição em um eventual segundo turno contra Lula. […] Mesmo sendo o nome mais competitivo da direita, Tarcísio também sofreu desgaste pela associação a Bolsonaro no tarifaço”, disse Nunes.
Lula x Eduardo Bolsonaro
Entre os possíveis substitutos de Bolsonaro caso a condenação à inelegibilidade não seja revertida, a Quaest testou novamente o nome do filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também aparece atrás de Lula tanto no primeiro como no segundo turno:
- Lula (PT): 34%, ante 31% em julho;
- Eduardo Bolsonaro (PL): 15%, ante 15%;
- Ciro Gomes (PDT): 10%, ante 11%;
- Ratinho Jr. (PSD): 10%, ante 7%;
- Ronaldo Caiado (União): 5% nas duas pesquisas;
- Romeu Zema (Novo): 4%, ante 5%;
- Indecisos: 6%;
- Branco/nulo/não vai votar: 16%.
Em um eventual segundo turno, Lula amplia a vantagem sobre Eduardo Bolsonaro:
- Lula (PT): 47%, ante 43% em julho;
- Eduardo Bolsonaro (PL): 32%, ante 33%;
- Branco/nulo/não vai votar: 18%;
- Indecisos: 3%.
“A maior mudança de um mês para o outro foi na simulação entre Lula e Eduardo: a vantagem de Lula já era de 10 pontos, mas passou para 15 pontos em um mês. Toda a ação de Eduardo nos EUA não tem lhe rendido frutos eleitorais até aqui”, pontuou Nunes.
Demais candidatos
A Quaest testou outros nomes para a disputa presidencial de 2026, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chegou a ser ventilado pela oposição mais recentemente como possível herdeiro do capital político de Bolsonaro caso a inelegibilidade seja mantida:
- Lula (PT): 35%;
- Flávio Bolsonaro (PL): 14%;
- Ciro Gomes (PDT): 10%;
- Ratinho Jr. (PSD): 9%;
- Ronaldo Caiado (União): 5%;
- Romeu Zema (Novo): 6%;
- Indecisos: 5%;
- Branco/nulo/não vai votar: 16%.
Em um eventual segundo turno com estes candidatos, Lula aparece com 44% a 48% das intenções de voto, enquanto que os demais candidatos perderiam a disputa:
- Ratinho Jr. (PSD): 34%, ante 36% em julho;
- Eduardo Leite (PSD): 30%, ante 36%;
- Romeu Zema (Novo): 32%, ante 33%;
- Ronaldo Caiado (União): 32%, ante 33%;
- Flávio Bolsonaro (PL): 32%, e não foi testado no levantamento anterior.
“A oposição ficou tão ‘intoxicada’ pelo tarifaço que até Ratinho Jr, que tem sido mais discreto em relação ao tema, viu seu desempenho piorar”, concluiu Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais
A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.
Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.
Pesquisas publicadas nas eleições de 2022, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.
Fonte: Gazeta