O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu que a população tem razão em avaliá-lo negativamente pela condução do governo. Pesquisas de opinião divulgadas desde o final do ano passado apontam uma reprovação maior do que a aprovação, e que apenas recentemente começaram a convergir para uma avaliação mais favorável após o tarifaço de Donald Trump aos produtos brasileiros.
A mais recente pesquisa de opinião, divulgada no começo deste mês pelo Datafolha, mostra uma reprovação de 40% contra apenas 29% de aprovação. O instituto ouviu 2.004 pessoas em 130 cidades brasileiras.
“O povo tinha razão de estar meio puto porque o feijão tava caro, a carne tava cara. O povo tem razão e agora nós temos que ter o compromisso de melhorar e as coisas estão melhorando, estão melhorando, estão melhorando”, disse Lula em entrevista à BandNews nesta terça (13).
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Na mesma entrevista, ele minimizou a avaliação negativa pela população – afirmando que “a cor do PT é vermelha” – e a imagem entre os empresários e o agronegócio, em sua maioria apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, isso tem mais a ver com a sua origem e por olhar mais para o povo pobre do que por uma questão ideológica.
“Eu nunca me preocupei com o comportamento eleitoral do empresariado, porque acho que a maioria nunca votou em mim. Comigo tem uma questão de pele, sabem de onde eu vim, sabem da minha origem, não deixo de dizer de que lado eu tô, pra quem eu governo”, disparou.
E emendou afirmando que “os empresários sabem o que eu penso, nunca fiz comício de empresário, mas trato eles com respeito que eles merecem”. Para o presidente, os empresários não compõem seu principal eleitorado, embora os elogie constantemente e faça uma ponte com eles através do seu vice-presidente Geraldo Alckmin, que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Lula tem sido fortemente cobrado pelo empresariado brasileiro a ligar ou se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros exportados para lá. O líder brasileiro tem sido enfático em dizer que está aberto às negociações e a receber um contato do seu homólogo norte-americano, mas que está claro que Trump não quer conversar.
Em paralelo, seus ministros – incluindo Fernando Haddad, da Fazenda, e Mauro Vieira, das Relações Exteriores – têm trabalhado para organizar uma conversa entre os dois presidentes focada na questão comercial, sem levar para a área política, que é um dos principais pontos justificados por Trump para o tarifaço.
Há o temor de que a conversa termine em bate-boca como ocorreu com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca.
O presidente brasileiro lançará nesta quarta (13), às 11h30, o programa “Brasil Soberano” para ajuda aos empresários afetados pelo tarifaço. O pacote de contingência, que será encaminhado ao Congresso através de uma Medida Provisória – ou seja, com efeitos imediatos e validade de 180 dias – contará inicialmente com uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, manutenção de empregos, compras governamentais e busca por novos mercados.
Fonte: Gazeta