g1 na Cop: saiba o que é o acordo de Paris e o que é fato ou fake sobre a Cop 30 em Belém
O aumento da procura por hospedagem para a COP 30 em Belém e a alta nos preços pode abrir espaço para práticas abusivas, improvisos e até golpes, segundo especialistas. A corretora de imóveis Andréa Martins, com 17 anos de atuação no mercado paraense, vê o cenário com preocupação e dá dicas que podem ajudar a evitar problemas na locação.
“Tem muita gente achando que vai ficar rica com a COP, mas sem estrutura nenhuma para receber hóspedes. Já há anúncios com fotos falsas, imóveis que nem existem ou retirados de outras cidades”, diz.
No entanto, a Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor do Pará (Procon Pará) “não recebeu denúncias formais relacionadas a preços abusivos na rede hoteleira”, nem sobre golpes. Enquanto isso, mais uma reunião debateu preços de diárias, desta vez também com setor imobiliário. As hospedagens em residências representam 60% dos leitos para a COP.
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Mais de 20 mil das hospedagens para a COP em Belém devem ser disponibilizadas via Airbnb. Segundo Andréa Martins, mesmo em plataformas conhecidas, há risco de golpes ou mudanças no acordo. Por isso, ela orienta algumas práticas que podem evitar dor de cabeça para quem aluga:
Verificar se o corretor é credenciado Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Creci);
Solicitar documentação do imóvel e do proprietário;
Fazer chamadas de vídeo para confirmar a existência do local;
Exigir contrato formal, com cláusulas de cancelamento e multa;
Usar o Google Maps para checar o endereço.
“Se o proprietário for sério, ele não vai se recusar a fazer um contrato”, afirma a corretora.
“Mesmo no Airbnb, o anúncio pode ser cancelado se aparecer quem pague mais”, complementa. Nestes casos, geralmente há multas.
A hospedagem tem sido um dos principais pontos de discussão para a COP 30, visto a demanda maior que os atuais leitos disponíveis e a repercussão de altos preços. O presidente da Áustria, por exemplo, cancelou a participação na COP 30 dando como motivo os altos custos da viagem.
Entre os exemplos dos preços altos está um estabelecimento localizado na capital paraense que operava com diárias a R$ 70 em 2023. Agora, com nome alterado para Hotel COP 30, o mesmo local aparece em uma plataforma com diárias de até R$ 6,3 mil durante a COP.
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De acordo com a advogada Letícia do Vale Alves, especialista em Direito Tributário e Imobiliário, não existe uma legislação federal que limite os preços de hospedagens temporárias. O setor segue a lógica de mercado, baseada na lei da oferta e demanda.
“A Constituição prevê a função social da propriedade, mas o setor é regulado por fatores econômicos. Em casos específicos, o Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado. Além disso, o Estatuto das Cidades permite que os municípios criem regras excepcionais para situações como essa”, explica.
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Apesar da repercusão entre países do alto preço de algumas diárias, é possível encontrar hospedagem com valores mais próximos da realidade de mercado e esses são a maioria, segundo Jorge Bentes, diretor da Plataforma 091. A ferramenta é voltada para soluções em eventos e oferece opções de hospitalidade na COP 30, incluindo 300 apartamentos com hospedagens e outros serviços, incluindo café, recepção bilíngue, concierge e transfer.
“A realidade do mercado é dada por pessoas que são autoridades no mercado e não pelo pela pessoa que vai alugar o seu quartinho e que e colocou no Airbnb, que resolveu ganhar dinheiro e colocou no Booking. Elas simplesmente não relatam a realidade do mercado, que já está equiparado a valores da última COP e até abaixo disso”, afirma.
A plataforma oficial de hospedagens do governo – agora aberta para o público – tem casas e motéis com diárias a partir de R$ 1,1 mil. Alguns países alegam que o valor ainda está acima do orçamento.
Plataforma do governo federal promete estadias mais baratas
Reprodução
A região metropolitana tinha de pouco mais de 24 mil leitos até junho, segundo sindicatos do setor, e a estimativa é receber 50 mil pessoas em novembro para a COP. Entre as alternativas para ampliar o número de leitos está uso de cruzeiros , moteis e residências.
O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), André Corrêa do Lago, afirmou que os preços de hospedagem em Belém, no Pará, “realmente estão muito acima do que de outras COPs”, mas salientou que o governo está buscando uma solução para o problema.
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Fonte: O Liberal