O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (6) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não quer conversar para negociar uma possível resolução do tarifaço imposto ao Brasil. Por isso, o petista destacou que não pretende se “humilhar” tentando entrar em contato com o americano.
“Um presidente não pode ficar se humilhando para outro. Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, disse Lula em entrevista à agência de notícias Reuters.
Os dois mandatários nunca conversaram. O petista ressaltou que a diplomacia brasileira está aberta para negociar. “Na hora que eles quiserem conversar, vamos conversar. Acreditamos que países que possuem 201 anos de relação diplomática civilizada não vão jogar isso fora por atitude destemperada”, afirmou.
VEJA TAMBÉM:
- Família Bolsonaro é maior culpada por tarifaço de Trump, diz Eduardo Leite
O chefe do Executivo afirmou que pretende debater as tarifas, que entraram em vigor nesta quarta, com o Brics, bloco que reúne entre os membros Brasil, China, Rússia e Índia. “Vou tentar fazer uma discussão com eles [Brics] sobre como é que cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, disse Lula, destacando que o Brics tem 10 países no G20.
O presidente também afirmou que não pretende retaliar os Estados Unidos. “Não vou fazer, porque eu não quero ter o mesmo comportamento dele. Quero mostrar que, quando um não quer, dois não brigam. Eu não quero brigar com os EUA”, acrescentou.
Mais cedo, o Itamaraty acionou formalmente à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas de 50% impostas ao Brasil pelos Estados Unidos. A consulta à OMC é a primeira etapa do processo de contestação de medidas comerciais, com o pedido formal de mudanças.
O governo americano também aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ao anunciar o tarifaço e a sanção ao magistrado, os EUA citaram a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, relatada por Moraes, e decisões do ministro contra plataformas digitais.
“Não é uma intromissão pequena, é o presidente da República dos EUA achando que pode ditar regras a um país soberano como o Brasil”, disse Lula à Reuters.
Fonte: Gazeta