Apesar das reclamações cada vez mais insistentes sobre os preços estratosféricos das diárias em Belém, durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a organização confirmou que não existem alternativas a capital do Pará.
“Não vamos nos mudar. A COP 30 vai ser em Belém, o encontro de chefes de Estado vai ser em Belém e não há nenhum plano B”, reforço nesta sexta-feira (1º) o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Conferência. A conferência principal ocorrerá entre 10 e 21 de novembro.
O principal desafio da organização da COP 30 está nos custos elevados das acomodações para os participantes. Relatórios indicam que os preços das diárias em hotéis locais estão entre 10 e 15 vezes superiores ao normal. Esse aumento supera o padrão típico de outras edições da COP, nas quais as tarifas geralmente dobram ou triplicam.
Desconforto geral com preços altos na COP 30
Há um desconforto geral com os preços altos. Delegações de países em desenvolvimento, notadamente africanos, estão preocupados e acham que os valores podem inviabilizar a participação. Até países ricos, como Áustria, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Finlândia, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça formalizaram pedidos para reconsiderar a sede da conferência.
“Com a ausência dos países mais pobres ficaria uma COP que não teria legitimidade, sem participação universal. Então, nós estamos trabalhando e procurando oferecer quartos que entrem dentro do valor que eles podem pagar”, sustenta Corrêa do Lago.
Plataforma para hospedagem chegou a sair do ar
Para tentar minimizar o problema, a organização criou uma plataforma oficial de hospedagem sob a gestão direta da ONU. Ela prioriza delegações de 98 países em desenvolvimento e nações insulares, oferecendo diárias limitadas a US$ 220. Para os demais participantes, as tarifas variam entre US$ 220 e US$ 600.
O sistema chegou a sair do ar esta semana por sobrecarga de acessos. “Estamos oferecendo uma série de opções abaixo do que está sendo cobrado nas plataformas abertas, mas sabemos que ainda não é suficiente.”
COP 30 espera 50 mil visitantes
O governo federal complementa essas medidas com planos para ampliar a oferta de leitos em Belém, que normalmente conta com cerca de 18 mil camas para os hóspedes. A expectativa é receber entre 45 mil e 50 mil pessoas na conferência. Entre as soluções propostas estão o uso de dois navios de cruzeiro, com capacidade para até 6 mil leitos, além da adaptação de escolas públicas, alojamentos militares, imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida e hospedagens religiosas.
Dia 11 de agosto, o Brasil terá que apresentar novas ações para minimizar o problema, em reunião emergencial com o Bureau da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC). “Vamos garantir que essa única dimensão que está sendo levantada, que é o preço dos hotéis, possa ser superada para que todos possam vir a Belém”, comentou o diplomata.
Fonte: Gazeta