O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta segunda (28) o plano de contingência elaborado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e pelo ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, para ajudar empresas brasileiras que possam ser mais impactadas pelo tarifaço dos Estados Unidos que entra em vigor na sexta-feira (1º).
O plano, que já havia sido adiantado na semana passada por Haddad, deve ser implementado em paralelo à tentativa de negociação do governo com as autoridades norte-americanas.
“O plano de contingência é um plano que está sendo elaborado, bastante completo, bem feito, mas todo o empenho agora nessa semana é para a gente buscar resolver o problema. Quero dizer a vocês que nós estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e sob reserva”, disse Alckmin, que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e está liderando as negociações junto de Mauro Vieira (Relações Exteriores).
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Apesar da pressão crescente, o governo federal ainda não divulgou os detalhes do plano de contingência, aguardando a oficialização completa do pacote tarifário por parte dos Estados Unidos. Segundo Haddad, o plano técnico aguarda o aval do presidente Lula.
O ministro diz ter levado a Lula “todas as possibilidades que estão à disposição do Brasil e dele à frente da presidência da República”. Mesmo com a sinalização firme de Trump de manter o tarifaço a partir de sexta (1º), Haddad reforçou que “o foco do Brasil é negociar”.
“Tem havido conversas. Então, aquilo que foi dito semana passada e retrasada, de que o Brasil não vai deixar a mesa de negociação em nenhum momento, está valendo e vai continuar valendo”, afirmou.
No último dia 19, Alckmin voltou a conversar com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reiterando o desejo do Brasil de manter a porta do diálogo aberta. Não foi sinalizada a possibilidade de uma conversa entre Lula e Trump, mas é algo que está sendo colocado como alternativa por um grupo de senadores que está em Washington nesta semana tentando mobilizar empresários e políticos norte-americanos.
“O presidente Lula é o homem do diálogo. Ele sempre defendeu o diálogo, que é o que nós fazemos permanentemente”, disse o vice-presidente.
O próprio presidente Lula amenizou o tom das críticas nesta segunda (28) e se mostrou aberto ao diálogo com Trump, dizendo esperar que presidente norte-americano “reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz”.
“Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver. E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%”, completou.
Em nota oficial, o governo brasileiro reafirmou a disposição ao diálogo, mas ressaltou que “a soberania do Brasil é inegociável”. Com isso, deixa claro que, se a diplomacia falhar, o país está pronto para adotar medidas de retaliação ou proteção à sua economia.
Fonte: Gazeta