O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou no final da noite desta segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) as alegações finais que incluem o pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O parecer de 517 páginas foi protocolado no sistema do STF falatando 14 minutos para o fm do prazo estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. A manifestação integra a etapa final da ação penal contra os integrantes do chamado “núcleo 1” do processo e antecede o julgamento de mérito pela Primeira Turma da Corte.
Além de Bolsonaro, outros sete réus foram formalmente acusados: o ex-ministro Walter Braga Netto; o tenente-coronel Mauro Cid; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); o ex-comandante da Marinha Almir Garnier; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
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Bolsonaro responde por cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, participação em organização criminosa, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. As penas, somadas, podem ultrapassar 40 anos de reclusão.
Gonet pede a condenação do ex-presidente pelos cinco crimes. Ramagem foi beneficiado pela decisão da Câmara dos Deputados e teve as duas acusações por danos ao patrimônio retiradas da acusação.
Após a manifestação da PGR, Moraes deve abrir prazo de 15 dias para que o delator, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, envie seu memorial, seguido do mesmo prazo para as defesas dos demais réus. A expectativa do STF é concluir essa fase até 15 de agosto e iniciar o julgamento em setembro com sessões extraordinárias.
Com isso, estima-se que as condenações ou absolvições de parte dos réus sejam definidas ainda em setembro e outubro.
PGR aponta inconsistências em delação de Mauro Cid
O procurador-geral da República reconhece que a “eficácia pontual” da colaboração premiada de Mauro Cid “para a elucidação de determinados ilícitos”, mas que os depoimentos do militar sobre sua própria atuação “mostraram-se, em geral, superficiais e pouco elucidativos, especialmente quanto aos fatos de maior gravidade”.
Bolsonaro diz ser alvo de perseguição
Em postagem feita na rede social X, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não está sendo apenas alvo de uma tentativa de afastamento político, mas de uma operação sistemática que, segundo ele, busca sua “eliminação física” e a destruição das liberdades do cidadão comum.
“O sistema nunca quis apenas me tirar do caminho. A verdade é mais dura: querem me destruir por completo – eliminar fisicamente, como já tentaram – para que possam, enfim, alcançar você. O cidadão comum. A sua liberdade. A sua fé. A sua família”, escreveu o ex-presidente nesta segunda (14).
Bolsonaro usou o espaço para se posicionar como principal barreira entre o que chamou de “um sistema podre” e a população brasileira. “Desde o início sou o principal obstáculo entre eles e o que realmente desejam: o controle absoluto sobre a sua vida. Por isso, mentem, censuram, prendem, distorcem, caluniam, perseguem, agridem – sempre com a mesma narrativa: ‘pela democracia’”, afirmou.
No texto, o ex-presidente também comparou a situação brasileira com a de países vizinhos governados por aliados da esquerda e se disse disposto a continuar lutando “pela maioria esmagadora dos brasileiros que não se curvaram”.
Fonte: Gazeta